Judy Shelton, candidata do presidente Donald Trump para o conselho de administração do Sistema de Reserva Federal dos Estados Unidos, defendeu novamente o “padrão-ouro”, e além disso, citou moeda digital como suposta opção.
Judy Shelton disse em uma entrevista:
“Eu não vejo isso como retornar [ao padrão ouro], mais como ‘voltar para o futuro’. Acho que o que um padrão ouro representa é disciplina monetária por si só. O dinheiro deve ser uma unidade de conta, uma medida confiável e um estoque confiável de valor. Realmente não deveria estar sujeito a quem é o presidente do Federal Reserve.”
De acordo com Shelton, se pensado em uma visão futurista para o padrão-ouro, pode-se pensar em criptomoedas. Além disso, Judy também disse:
“Os bancos centrais não estão servindo ao setor privado ao fornecer essa unidade de conta confiável […] sob o padrão-ouro, você tinha essa estabilidade, e acho que é isso que está faltando […] que poderia ser usado de uma maneira muito ‘criptomoeda’.”
Dólar como padrão mundial
Para Shelton, o envolvimento com o setor de moedas digitais não é uma novidade. Anteriormente, Judy defendia o potencial de um dólar digital afim de ajudar a “preservar a primazia” da moeda americana globalmente. De acordo com ela, os EUA necessitam de um “reset” das “distorções” do Fed que ocorreram nos últimos 50 anos. Ademais, Shelton também argumentou sobre o mandato atual do Federal Reserve:
“Como uma dúzia de […] pessoas que se reúnem oito vezes por ano, decidem qual deve ser o custo de capital versus algum tipo de taxa organicamente determinada pela oferta de mercado? O Fed não é onisciente. Eles não sabem qual deve ser a taxa certa. Como alguém pôde? […] Se o sucesso do capitalismo depende de alguém ser inteligente o suficiente para saber qual deve ser a taxa em tudo… estamos condenados. Também podemos ressuscitar o Gosplan.”
De acordo com Shelton, o ativismo do banco central apenas dificultará a capacidade do setor para funcionar livre de excedentes planejados centralmente. Além disso, ela também destaca a argumentativa dos defensores de Bitcoin (BTC), dizendo que a tecnologia blockchain poderia garantir imunidade para a moeda, sem ocorrências de tentativas para “manipular” seu valor.
Conversibilidade de moedas em pauta
Apesar de Shelton ser até mesmo solidária quando se trata dos defensores da escassez digital – que afirmam que o Bitcoin poderia induzir uma política monetária deflacionária, servindo como moeda de reserva com uma oferta finita – ela também disse estar com a cabeça aberta para diferentes abordagens. Tal como em que o Fed alvejaria um preço em dólar do ouro e assim “vincularia a oferta de dinheiro e crédito ao ouro”:
“Um sistema vinculado pode permitir conversibilidade de moeda por indivíduos (como sob um padrão ouro) ou bancos centrais estrangeiros (como sob Bretton Woods). De qualquer maneira, poderia corrigir as pressões inflacionárias.”
Ainda que houvesse rumores no início de maio sobre o Comitê Bancário do Senado já ter decidido sobre a indicação de Shelton ao Fed, no momento, todo e qualquer progresso sobre tal assunto parece ter parado no meio do ceticismo bipartidário.