Com o aumento da utilização de gás natural por empresas de mineração de Bitcoin e proprietários de data centers de inteligência artificial, as oportunidades para envolver novas soluções de energia se abrem para o mercado. De acordo com Mohamed El-Masri, CEO da PermianChain, uma plataforma de negociação de energia tokenizada, recapturar energia da queima de gás — uma prática em que o excesso de gás natural é queimado — pode representar uma oportunidade inexplorada de US$16 bilhões.
El-Masri, que também é sócio-gerente da Hodler Investments, explicou que a queima de gás oferece uma fonte significativa de energia retida que pode ser convertida eficientemente em energia utilizável. Em uma entrevista, ele declarou:
“Em todo o mundo, o gás natural é queimado na ordem de 147.000.000.000 m3 a cada ano, o que equivale a US$16.000.000.000 por ano em receita potencial de vendas ou fluxo de caixa desse gás vendido no mercado.”
O executivo também destacou a importante função que a mineração de Bitcoin tem como meio de transformar a queima de gás em um recurso energético. Ele mencionou que as atividades de mineração de Bitcoin seriam capazes de aumentar o preço do gás em uma quantidade de 12 vezes em qualquer medida – MCF, mil pés cúbicos, MMBtu, milhões de unidades térmicas britânicas ou qualquer outra medida usada por qualquer país.
Esse processo não apenas contribui com valor financeiro, mas também contribui para a sustentabilidade ambiental por meio da conversão de energia perdida ou desperdiçada em benefícios econômicos. A interseção da mineração de criptomoedas e da tokenização de ativos do mundo real abre as portas para a escalabilidade para minimizar o desperdício de energia e a poluição.

À medida que a taxa de hash do Bitcoin e a dificuldade de mineração aumentam, os mineradores são pressionados a encontrar energia alternativa e de baixo custo, como energia renovável, para permanecerem lucrativos. A queima de gás se tornou uma solução potencial, devido à sua baixa competitividade e abundância.
As empresas já começaram a analisar projetos e colaborações para acessar recursos energéticos ociosos. Por exemplo, em maio de 2024, a Marathon Digital Holdings (MARA) — uma das maiores empresas de mineração de Bitcoin — anunciou uma colaboração inovadora com o governo do Quênia para desenvolver seu setor de energia renovável.
O Quênia é um local ideal para tais propósitos, devido à infraestrutura existente de energia renovável lá. De acordo com a International Trade Administration (ITA), 41% da matriz energética dos EUA é coberta por energia geotérmica e 30% por energia hidrelétrica. Com esse alto nível de energias renováveis, há uma grande oportunidade de permitir que os mineradores de Bitcoin usem energia renovável e contribuam para o desenvolvimento econômico do país.
O potencial para energia retida vai além da queima de gás. Em agosto de 2024, um artigo científico revisado por pares investigou a sinergia entre os sistemas de gás de aterro para energia e a mineração de Bitcoin, ou seja, como o gás metano, um gás de efeito estufa eficaz, pode ser convertido em eletricidade.
O metano surge naturalmente em aterros sanitários devido à decomposição de resíduos e, se liberado na atmosfera, é um grande contribuinte para o aquecimento global. O artigo argumentou que os mineradores de Bitcoin poderiam usar esse metano para gerar eletricidade para suas operações, sequestrando efetivamente o gás prejudicial e reduzindo seu impacto ambiental. Esse método não apenas reduz as liberações de metano, mas também fornece aos mineradores um suprimento de energia barato que pode melhorar sua competitividade.
Assim como pode ser usada para converter energia retida em valor, a mineração de Bitcoin pode ser vista como valorização da energia retida. Um exemplo dessa inovação veio em junho de 2022, quando a Marathon Digital Holdings anunciou um projeto para aquecer uma cidade inteira na Finlândia usando o excesso de calor gerado por suas instalações de mineração de Bitcoin.
Em vez de deixar o calor simplesmente evaporar, a empresa de mineração o usou para aquecer as casas da população local, diminuindo assim as contas de aquecimento e aumentando a eficiência energética. Este projeto mostrou como o calor reciclado da mineração pode ser usado para beneficiar comunidades ao mesmo tempo em que a economia da mineração pode melhorar.
Há uma discussão sobre queima de gás e energia retida, o que enquadra a mineração de Bitcoin como tendo um papel mais amplo a desempenhar no contexto energético. Os mineradores, ao dependerem cada vez mais de fontes de energia subutilizadas, abrem novas possibilidades econômicas e resolvem problemas ambientais.
A queima de gás, por exemplo, há muito é vista como um subproduto desperdiçador da produção de petróleo. No entanto, a rápida evolução da tecnologia de mineração de Bitcoin e plataformas de negociação de energia como a PermianChain agora tornou possível para as empresas capturar e monetizar esse desperdício.
O valor de US$16 bilhões de Mohamed El-Masri enfatiza a magnitude do potencial. Converter gás natural queimado em energia gy para mineração de Bitcoin, a partir do qual as indústrias podem simultaneamente:
- Reduzir as emissões de carbono causadas pela queima de gás.
- Desbloquear valor econômico de energia que de outra forma ficaria retida.
- Apoiar o desenvolvimento sustentável em regiões com infraestrutura energética subdesenvolvida.
A queima de gás é uma fonte de energia enorme e inexplorada com o potencial de fazer uma contribuição importante para o futuro da mineração de Bitcoin e para soluções de energia sustentável. Conforme apontado por Mohamed El-Masri, converter gás queimado em energia utilizável, além de razões ambientais, pode trazer um tremendo rendimento financeiro — até 16 bilhões por ano.
À medida que projetos como sistemas de gás de aterro para energia, projetos de energia renovável e projetos de reciclagem de calor ganham força, a mineração de Bitcoin ainda mostra promessa de liderar a inovação, a sustentabilidade e o desenvolvimento econômico em mercados de energia ao redor do mundo.