No início de fevereiro de 2025, o presidente Donald Trump anunciou uma escalada significativa na política comercial ao restabelecer e expandir tarifas sobre importações de aço e alumínio.
A partir de 12 de março de 2025, essas medidas impõem uma tarifa de 25% sobre importações de aço e alumínio, intensificando impostos anteriores e eliminando isenções específicas de cada país. Essa mudança de política repercutiu em vários setores, impactando notavelmente os mercados globais, o cenário de criptomoedas e as indústrias dependentes desses materiais essenciais.
A decisão do governo de aumentar as tarifas marca um afastamento de acordos e isenções comerciais anteriores. As tarifas originais, introduzidas em 2018, impunham uma tarifa de 25% sobre o aço e uma tarifa de 10% sobre o alumínio, com certos países recebendo isenções. As proclamações recentes não apenas padronizam a tarifa de 25% em todas as importações de aço e alumínio, mas também encerram isenções existentes e exclusões específicas de produtos. Essa abordagem abrangente visa impulsionar a produção doméstica criando um ambiente competitivo mais uniforme.
A resposta imediata do mercado a esses anúncios foi nítida. Os mercados financeiros globais experimentaram volatilidade enquanto os investidores lutavam com o potencial de aumento dos custos de produção e interrupção das cadeias de suprimentos. A indústria da construção, em particular, expressou preocupações sobre o aumento dos custos dos materiais, o que poderia agravar os problemas de acessibilidade à moradia.
Uma pesquisa da National Association of Home Builders (NAHB) e Wells Fargo revelou um declínio no sentimento dos construtores, atribuído em parte ao impacto antecipado dessas tarifas nas despesas com materiais.
O setor de criptomoedas, frequentemente sensível a mudanças macroeconômicas, também reagiu às notícias sobre tarifas. O Bitcoin (BTC), o principal ativo digital, experimentou um breve declínio, caindo para US$94.000 antes de se recuperar acima de US$97.000. O Ethereum (ETH) refletiu esse padrão, caindo para US$2.537 e posteriormente se recuperando para aproximadamente US$2.645.
A capitalização total do mercado de criptomoedas viu uma redução temporária de US$3,15 trilhões para US$3,10 trilhões, estabilizando-se posteriormente em torno de US$3,13 trilhões.
Indicadores de sentimento de mercado, como o Crypto Fear & Greed Index, refletiram uma perspectiva cautelosa durante este período. O índice, que mede emoções e atitudes dentro do mercado de criptomoedas, permaneceu no território do “medo”, com uma pontuação média de 44 em 100 na semana seguinte ao anúncio da tarifa. Este sentimento ressalta a apreensão entre os investidores em relação as potenciais ramificações econômicas decorrentes das crescentes tensões comerciais.
Além das flutuações imediatas do mercado, as tarifas restabelecidas estão prestes a ter efeitos de longo alcance em vários setores. O setor de construção, fortemente dependente de aço e alumínio, enfrenta a perspectiva de aumento de custos, o que pode se traduzir em preços mais altos para os consumidores e potenciais atrasos em projetos. A NAHB destacou que uma parcela significativa dos materiais de construção, incluindo 32% dos eletrodomésticos e 30% da madeira macia, são adquiridos por meio do comércio internacional. Espera-se que as tarifas adicionais sobrecarreguem ainda mais um mercado imobiliário já desafiado, caracterizado por altas taxas de hipoteca e preços crescentes de imóveis.
Internacionalmente, os parceiros comerciais expressaram preocupação com a natureza unilateral da imposição de tarifas. A União Europeia, entre outros aliados, já havia sido isenta de tais taxas. A remoção dessas isenções gerou discussões sobre possíveis medidas retaliatórias, levantando o espectro de um conflito comercial mais amplo. Os fabricantes de aço alemães, por exemplo, já começaram a ajustar suas estratégias de exportação em resposta às novas tarifas dos EUA.
À medida que a data de implementação se aproxima, as indústrias e os mercados estão se preparando para os efeitos dessas tarifas. As empresas estão avaliando suas cadeias de suprimentos, considerando opções alternativas de fornecimento e avaliando as implicações financeiras do aumento das taxas de importação. Os investidores permanecem vigilantes, monitorando como essas mudanças de política influenciarão a dinâmica do mercado e os indicadores econômicos nos próximos meses.
