Na conferência Token2049 em Dubai, Changpeng “CZ” Zhao, cofundador e ex-CEO da Binance, enfatizou a ligação intrínseca entre liberdade de expressão e liberdade financeira — um princípio que, segundo ele, norteou sua decisão de investir na aquisição do Twitter por Elon Musk, agora renomeado como X.
Durante um bate-papo informal com o investidor macro Raoul Pal, CZ falou abertamente sobre as motivações filosóficas por trás de seu investimento de US$500 milhões na plataforma de mídia social em 2022.
“A liberdade de dinheiro é essencial, mas você não pode realmente tê-la sem primeiro garantir a liberdade de expressão. É a base de todas as outras liberdades. Se a expressão for controlada, todo o resto entra em colapso.”
Esse ponto de vista se alinha com a postura ideológica mais ampla de CZ, que há muito defende a descentralização, a autonomia pessoal e os sistemas financeiros abertos — todos princípios centrais do movimento das criptomoedas.
“Meu investimento no X não se tratava apenas de potencial tecnológico ou retorno financeiro. Estava enraizado em uma crença mais profunda de que as liberdades de comunicação e transação devem andar de mãos dadas.”
A visão de Zhao vai além dos sistemas financeiros tradicionais, chegando ao que ele vê como o futuro da internet: a Web3. Ele expressou otimismo de que plataformas como o X poderiam eventualmente servir como uma ponte para a adoção de criptomoedas em escala, integrando pagamentos digitais e recursos descentralizados.
Embora o Twitter ainda não tenha adotado totalmente os pagamentos ou carteiras em blockchain, Zhao disse que a Binance esperava apoiar o X nessa integração, oferecendo infraestrutura de back-end e expertise.
“Não queremos que o X se torne uma empresa de criptomoedas. Mas acreditamos que ela pode desempenhar um papel na transição para uma internet mais descentralizada.”
No entanto, ele também reconheceu os problemas persistentes da plataforma — incluindo um número avassalador de bots de spam, tokens fraudulentos e esquemas de phishing, especialmente direcionados a usuários de criptomoedas. Em março de 2025, Zhao instou publicamente Elon Musk a tomar medidas mais enérgicas para conter o problema dos bots, que tem afetado o X, apesar das várias atualizações algorítmicas e mudanças na interface do usuário.
Durante a sessão, Zhao também aproveitou a oportunidade para criticar as regulamentações europeias para criptomoedas, descrevendo-as como excessivamente restritivas e sufocantes para a inovação.
“A Europa está meio que estagnada no que diz respeito às criptomoedas. Em contrapartida, os Emirados Árabes Unidos estão de parabéns por promoverem um ambiente regulatório mais pró-negócios e com visão de futuro.”
Abu Dhabi e Dubai se posicionaram como polos globais de criptomoedas, implementando estruturas de licenciamento que oferecem clareza e flexibilidade às empresas de ativos digitais. A própria Binance obteve aprovação regulatória em Dubai, sob a ‘Autoridade Reguladora de Ativos Virtuais’ (VARA), uma medida que solidificou a crescente importância da cidade na economia digital global.
A Binance foi um dos 19 coinvestidores na aquisição do Twitter, por US$44 bilhões, liderada por Elon Musk. Outros participantes incluíam grandes empresas de capital de risco como Sequoia Capital e Fidelity Management.
Na época, Zhao descreveu a plataforma como “uma plataforma com enorme potencial inexplorado, particularmente no que diz respeito à monetização e ao desenvolvimento.”
Seu envolvimento foi visto como um símbolo da convergência entre plataformas sociais e tecnologias descentralizadas. Embora Musk ainda não tenha implementado recursos de criptomoedas amplamente difundidos no X, há especulações crescentes de que os pagamentos — tanto fiduciários quanto criptográficos — serão integrados em um futuro próximo, possivelmente por meio de uma divisão financeira dedicada chamada X Payments.
Como parte dessa visão mais ampla, Zhao reafirmou que a liberdade — tanto financeira quanto expressiva — deve permanecer no centro do progresso tecnológico.
“Se não podemos falar livremente, não podemos inovar livremente. E se não podemos inovar, não podemos avançar.”