Michael Saylor, fundador e presidente executivo da MicroStrategy, atribui a atual estagnação do preço do Bitcoin — em torno de US$100.000 — a uma fase de transição no comportamento dos investidores.
Em uma entrevista recente, Saylor descreveu esse período como uma “rotação”, em que investidores de curto prazo estão saindo do mercado, abrindo caminho para uma nova onda de investidores de longo prazo.
Saylor explica que muitos dos investidores que estão saindo são entidades como agências governamentais, escritórios de advocacia e administradores de falências. Esses investidores, muitas vezes administrando ativos de perdimento ou processos judiciais, normalmente não têm uma perspectiva de investimento de longo prazo. Com a alta do preço do Bitcoin, eles aproveitaram a oportunidade para liquidar seus investimentos, enxergando-a como um ponto de saída ideal.
Por outro lado, o mercado está testemunhando a entrada de um novo grupo de investidores, particularmente aqueles que se envolvem por meio de fundos negociados em bolsa (ETFs) e tesourarias corporativas. Esses participantes são caracterizados por um horizonte de investimento de longo prazo, visando manter o Bitcoin como um ativo estratégico.
O Bitcoin atingiu a máxima histórica de US$109.000 de janeiro de 2025, coincidindo com a posse do presidente Donald Trump. Posteriormente, o preço sofreu uma queda, atingindo a mínima de US$76.273 no início de abril. No entanto, na primeira semana de maio, o Bitcoin se recuperou, ultrapassando a marca de US$100.000.
Esse ressurgimento está alinhado com o aumento do interesse institucional. Por exemplo, o ETF Bitcoin da BlackRock registrou uma entrada de US$356,2 milhões, marcando sua maior sequência de entradas diárias em 2025. Além disso, a Farside Investors relatou que os ETFs Bitcoin registraram US$564,7 milhões em entradas ao longo de cinco dias de negociação, indicando uma forte demanda por parte de investidores institucionais.
A Strategy, sob a liderança de Saylor, tem estado na vanguarda da adoção corporativa do Bitcoin. Segundo os dados mais recentes, a empresa detém 555.450 Bitcoins, avaliados em aproximadamente US$57,23 bilhões. Essa participação representa 50,27% acima do preço médio de compra de US$68.569, refletindo a postura otimista de longo prazo da empresa em relação ao Bitcoin.
Em uma mudança política significativa, o presidente Trump assinou um decreto em março de 2025, estabelecendo uma Reserva Estratégica de Bitcoin e um Estoque de Ativos Digitais dos EUA. Essa reserva compreende Bitcoin e outras criptomoedas apreendidas por meio de processos judiciais. A iniciativa visa posicionar os EUA como líder no setor de ativos digitais, tratando o Bitcoin como um ativo estratégico semelhante ao ouro.
Apesar dessa medida, Saylor expressou que não estava surpreso com o fato de o governo dos EUA não ter comprado ativamente Bitcoin adicional para a reserva:
“Embora a criação da reserva seja um passo positivo, o papel do governo no mercado permanece cauteloso e comedido.”
A dinâmica atual do mercado sugere que o Bitcoin está passando por um processo de maturação, passando de um ativo especulativo mantido por investidores de curto prazo para um ativo estratégico favorecido por detentores de longo prazo. Essa mudança é evidenciada pela crescente participação de investidores institucionais e pela criação de reservas governamentais.
Analistas preveem que, à medida que essa rotação continuar e o mercado se estabilizar, o preço do Bitcoin poderá retomar sua trajetória ascendente, potencialmente atingindo novas máximas. Saylor permanece otimista, vendo a fase atual como uma evolução necessária em direção a uma adoção mais ampla e aceitação institucional.