A Stripe, uma das principais empresas de tecnologia de pagamento do mundo, revelou crescente interesse entre bancos globais em integrar stablecoins em seus produtos financeiros.
De acordo com o cofundador e presidente John Collison, as stablecoins — criptomoedas atreladas a moedas fiduciárias como o dólar americano — são cada vez mais vistas não como uma tendência passageira, mas como uma oportunidade estratégica para modernizar os sistemas de pagamento globais.
“Nas conversas que temos com eles, eles se mostram muito interessados. Os bancos estão muito interessados em como devem integrar as stablecoins em seus produtos.”
Os comentários foram feitos logo após a empresa lançar sua infraestrutura de pagamento baseada em stablecoins em mais de 100 países, no início de maio de 2025. A iniciativa reflete o compromisso da Stripe em otimizar o comércio global, especialmente em regiões onde os sistemas de pagamento tradicionais permanecem caros, lentos ou subdesenvolvidos.
Collison destacou as ineficiências dos sistemas existentes, especialmente em câmbio (FX):
“É extremamente caro. É muito lento. Leva alguns dias. Ninguém está satisfeito com esse equilíbrio hoje.”
Em contrapartida, as stablecoins permitem transações internacionais quase instantâneas e de baixo custo, oferecendo aos bancos a oportunidade de desafiar modelos de lucro arraigados, como taxas de câmbio e custos de transferências internacionais.
A escala de adoção de stablecoins não é mais especulativa. De acordo com dados da CEX.io, os volumes trimestrais de transações com stablecoins em 2024 superaram os da Visa e da Mastercard combinados — um marco que ressalta a profunda penetração desses instrumentos cripto no mercado de pagamentos.

A Stripe prevê a continuidade desse impulso. Collison previu que as stablecoins representarão uma parcela cada vez maior do volume de pagamentos futuro da empresa:
“Grande parte do nosso volume de pagamentos futuro será em stablecoins. Isso representa, com certeza, uma grande parte dos nossos negócios daqui para frente.”
Apesar do crescente entusiasmo dos bancos, a clareza regulatória continua sendo um grande obstáculo, especialmente em mercados como o Reino Unido. Collison alertou que atrasos no estabelecimento de estruturas para stablecoins podem levar a inovação e a atividade financeira a jurisdições mais ágeis:
“Há empresas que estão sendo criadas para atender a esse setor. Se houvesse uma estrutura regulatória realmente boa, elas escolheriam se estabelecer aqui… Sem essa certeza, elas iriam para outro lugar.”
A UE adotou uma postura mais proativa, com a regulamentação MiCA (Mercados de Criptoativos) entrando em vigor no final de 2024. Enquanto isso, a ‘Autoridade de Conduta Financeira’ (FCA) do Reino Unido ainda está coletando opiniões públicas sobre suas regras propostas, sem um cronograma claro para implementação.
“Esse atraso regulatório pode custar ao Reino Unido a liderança na próxima onda de inovação em fintechs, apesar de seu recente impulso: de acordo com dados da Gemini, o Reino Unido liderou a Europa em crescimento de novos usuários de criptomoedas no ano passado.”
A situação se reflete nos Estados Unidos, onde os bancos supostamente buscaram orientações federais mais claras sobre atividades permitidas com criptomoedas. Sem regras abrangentes e consistentes, as instituições americanas enfrentam incertezas quando se trata de emitir, manter ou transacionar stablecoins — mesmo com o crescimento da demanda por tais recursos.
As stablecoins estão se tornando populares: sua utilidade em pagamentos internacionais, taxas baixas e velocidade estão gerando grande interesse de bancos e processadores de pagamento.
- A regulamentação é um diferencial global: mercados como a UE, que adotaram regras mais claras para stablecoins, estão atraindo mais atenção de empresas relacionadas a criptomoedas.
- Os bancos não estão mais céticos: ao contrário de ciclos anteriores, as stablecoins agora são vistas pelas principais instituições como ferramentas estratégicas, em vez de instrumentos especulativos.
À medida que bancos e fintechs aceleram a adoção, os próximos anos podem determinar quais regiões emergirão como líderes em finanças com stablecoins, e quais ficarão para trás.