Um influente desenvolvedor do núcleo do Ethereum lançou recentemente a Ethereum Community Foundation (ECF) durante uma palestra na EthCC, apresentando uma missão ousada: elevar o preço do Ether para US$10.000.
Liderada por Zak Cole, a iniciativa surge da crença de que a atual Ethereum mudou o foco do Ether como uma classe de ativos crucial. De acordo com Cole, embora a fundação continue a financiar o desenvolvimento do ecossistema, ela deixou de abordar o valor do ETH de uma perspectiva financeira.
A comunidade Ethereum está sendo posicionada como uma entidade independente, realizando movimentos ousados em áreas que a Ethereum Foundation não pode ou não quer.
“Servimos os detentores de ETH porque vocês merecem mais. O preço do ETH é uma função direta da segurança.”
O objetivo final é claro e inquestionável: incentivar a infraestrutura e os protocolos que contribuem diretamente para a queima de Ether, o fortalecimento da governança e a força do ecossistema a longo prazo.

De acordo com os critérios da comunidade, apenas projetos sem token, imutáveis e que utilizam a rede principal do Ethereum como camada de liquidação se qualificam para as bolsas. Essas estipulações garantem a queima de ETH sempre que esses aplicativos processarem transações, criando uma pressão ascendente consistente sobre o preço do Ether.
Além disso, a fundação pretende apoiar bens públicos, melhorias na infraestrutura básica e tecnologia de escala — tudo sem emitir novos tokens ou depender de capital de risco.
O primeiro grande beneficiário da organização é a Ethereum Validator Association (EVA). Cole explicou que a EVA capacitará os validadores, permitindo que eles sinalizem suas preferências sobre as Propostas de Melhoria do Ethereum e as métricas de desempenho do cliente. Isso concede aos validadores maior influência sobre a direção monetária e técnica da rede — um impulso em direção a uma participação mais democratizada na governança.
“A EVA introduz a representação do validador. É de grande importância recompensar desenvolvedores de clientes de alto desempenho.”
Durante sua apresentação, Cole criticou diversos projetos de alto perfil que, apesar de inicialmente receberem apoio da Fundação Ethereum, buscaram lançamentos de tokens e apoio de capital de risco — como Uniswap, Ethereum Name Service e Optimism. Segundo ele, essas iniciativas deveriam ter permanecido ‘públicas’, servindo à comunidade em vez de atender a interesses privados. Esse ponto prenuncia uma divisão filosófica mais profunda entre a visão da comunidade e as direções voltadas ao lucro que alguns participantes do ecossistema adotaram.
De forma crucial, a comunidade e a Fundação Ethereum operam de forma independente. Não há um vínculo organizacional formal, mas a comunidade se posiciona como uma contraparte complementar — focada diretamente em incentivos econômicos e acréscimo de valor, em vez de apenas na evolução tecnológica.
Para enfatizar seu compromisso com a transparência e o envolvimento das partes interessadas, a comunidade planeja empregar mecanismos de alocação de financiamento on-chain e votação de moedas, permitindo que os detentores de ETH participem diretamente das decisões de concessão. Todas as ações e marcos da tesouraria serão registrados publicamente, reforçando uma filosofia que prioriza a confiança.
Os objetivos vão além da queima de ETH. Cole mencionou o interesse em financiar a tokenização de ativos do mundo real, incluindo ações, títulos, imóveis e outras pontes de ativos tokenizados.
“Isso se alinha aos esforços para impulsionar a adoção institucional e expandir a utilidade e o alcance econômico do Ethereum.”
Ele também destacou uma abordagem focada em resgate para a precificação de “espaço de blob” em camadas de disponibilidade de dados — um desafio técnico avançado destacado por atualizações como a Dencun.
Olhando para o futuro, o sucesso da comunidade se resume à execução. Os projetos imutáveis e sem tokens realmente impulsionarão uma demanda sustentada por ETH? Os validadores e membros da comunidade conseguirão se unir em torno de sinais econômicos coordenados? E talvez o mais crucial: o modelo de subsídios se mostrará mais eficaz do que as abordagens centralizadas anteriores? As respostas estarão nos próximos meses, à medida que a comunidade começar a distribuir fundos e os projetos começarem a ser implementados.