Em seu décimo aniversário, o Ethereum encontra-se em um momento crucial, passando de uma plataforma pioneira de contratos inteligentes para o que muitos acreditam que se tornará uma camada fundamental da economia global. Essa evolução, uma prova da natureza adaptativa da rede, conforme descrita por seu criador, Vitalik Buterin, está no centro das discussões sobre sua próxima década. Os primeiros dez anos foram dedicados à comprovação do conceito de um blockchain descentralizado e programável; os próximos dez serão sobre sua integração à estrutura da vida cotidiana, do comércio e da cultura.
A Consensys, um player-chave no ecossistema Ethereum, sintetiza essa visão em um relatório recente. Seu economista-chefe, Mallesh Pai, prevê que o Ethereum se transformará na camada base da futura economia global. Essa transformação será impulsionada pela digitalização contínua de ativos, começando com stablecoins e migrando progressivamente para ativos do mundo real (RWAs) mais complexos.
“À medida que esses ativos migrarem para o blockchain, a infraestrutura para o comércio seguirá naturalmente, criando um novo mercado digital aberto.”
Essa mudança, no entanto, depende de um esforço colaborativo entre os atuais colaboradores da rede e uma nova geração de construtores institucionais e comerciais que estão apenas começando a adotar a tecnologia.
Embora o Bitcoin tenha conquistado um nicho como ativo de tesouraria corporativa — uma forma de “ouro digital” — um número crescente de empresas de capital aberto está agora se voltando para o Ether (ETH) como uma participação estratégica de longo prazo.
Essa tendência é impulsionada pela “comunidade e componibilidade” únicas do Ethereum, como observado por Justin Kenna, CEO da GameSquare. Ele vê o Ethereum como o ativo digital de longo prazo mais confiável, alinhado com o futuro da internet, prevendo que se tornará a espinha dorsal financeira e cultural do mundo digital.
“Isso vai além de simples pagamentos e abrange tudo, desde gestão de ativos e economias de jogos até identidade digital e engajamento de marca.”
O roteiro técnico para a próxima década do Ethereum é ambicioso e se concentra fortemente em escalabilidade e acessibilidade para desenvolvedores.
Soluções de Camada 2, como o Optimism, são centrais para essa estratégia. Sam McIngvale, chefe de produto da OP Labs, que desenvolve o Optimism, acredita que os próximos dez anos serão marcados por uma migração massiva de grandes empresas para o blockchain.
“Essas empresas integrarão verticalmente sua própria infraestrutura sobre o Ethereum, aproveitando sua segurança e flexibilidade para construir suas operações on-chain. Com a crescente clareza regulatória, instituições financeiras e fintechs estão agora mais confiantes em construir sobre essa infraestrutura.”
Além das finanças, a visão para o futuro do Ethereum se estende a uma experiência do usuário mais fluida e integrada. Marcin Kaźmierczak, cofundador da RedStone, uma rede de oráculos modulares, prevê que o Ethereum se tornará a camada fundamental para as finanças institucionais e a tokenização de ativos no mundo real. Ele prevê um futuro em que o usuário médio interage com serviços baseados no Ethereum sem nem perceber, assim como usam a IA hoje sem entender a tecnologia subjacente. Para ele, a verdadeira medida do sucesso não será métrica tradicionais como o valor total bloqueado (TVL) ou as taxas de gás, mas sim o quão invisível, porém essencial, o Ethereum se tornará para as finanças globais.
Para a comunidade de desenvolvedores, que sempre foi a alma do Ethereum, o futuro é igualmente empolgante. Nemil Dalal, chefe da plataforma de desenvolvedores da Coinbase, está confiante de que a comunidade impulsionará a criação de casos de uso inteiramente novos. Ele prevê um futuro com agentes de IA realizando transações em nosso nome, comunidades sociais on-chain mais ricas e jogos baseados em blockchain mais imersivos.
“O comprometimento dos desenvolvedores do Ethereum com a experimentação e inovação contínuas é o ativo mais poderoso da rede e a chave para seu sucesso a longo prazo.”
A segunda década do Ethereum será definida por sua transição de uma plataforma experimental para uma infraestrutura essencial. O foco está em uma arquitetura modular e escalável construída sobre soluções de Camada 2, facilitando a tokenização de ativos do mundo real e um fluxo massivo de adoção corporativa.
