Gigantes financeiras como a Visa estão se adaptando proativamente à evolução do cenário de pagamentos digitais, expandindo suas ofertas de stablecoins, um movimento estratégico que reflete tanto a crescente importância das moedas digitais quanto a crescente concorrência de uma ampla gama de instituições.
Essa expansão, que inclui suporte para novas stablecoins e redes de blockchain, visa aprimorar a infraestrutura de pagamento da empresa, reduzir a fricção nas transações e manter sua vantagem competitiva contra uma onda crescente de projetos de stablecoins rivais de bancos, empresas de tecnologia e varejistas.
O recente anúncio da Visa de integrar diversas novas stablecoins e redes de blockchain é um passo significativo em sua estratégia de moeda digital. Ao adicionar suporte para Global Dollar (USDG), PayPal USD (PYUSD) e Euro Coin (EURC), a Visa atende a uma base de usuários mais diversificada e a uma gama mais ampla de necessidades de pagamento. Essa mudança complementa seu suporte existente para a USD Coin (USDC) da Circle, um produto básico no mercado de stablecoins.
Simultaneamente, a integração das redes blockchain Stellar e Avalanche, juntamente com o suporte existente para Ethereum e Solana, proporciona uma plataforma mais robusta e flexível para os usuários. Isso permite maior interoperabilidade e oferece aos clientes uma escolha de redes com base em fatores como velocidade, custo e segurança das transações.
O principal benefício dessa integração é a capacidade dos usuários de enviar e receber pagamentos em stablecoins por meio dessas redes ou converter seus saldos em moeda fiduciária tradicional sem problemas. Essa funcionalidade é crucial para facilitar os pagamentos internacionais, que costumam ser lentos e caros nos sistemas bancários tradicionais. As stablecoins, com seus tempos de liquidação quase instantâneos e baixas taxas de transação, representam uma alternativa poderosa que pode agilizar o comércio global e reduzir os custos operacionais para as empresas.
O valor total de mercado das stablecoins cresceu exponencialmente, atingindo agora mais de US$256 bilhões, um claro indicador de sua aceitação e utilidade em larga escala. Esse rápido crescimento não passou despercebido pelas instituições financeiras, muitas das quais agora veem as stablecoins não apenas como uma tendência passageira, mas como um desafio direto aos seus modelos de negócios existentes. A recente aprovação do projeto de ‘Lei GENIUS’ para stablecoins nos EUA proporcionou uma estrutura regulatória muito necessária, dando aos bancos e outras grandes empresas a confiança para entrar no mercado de stablecoins.

A Visa agora enfrenta forte concorrência de um grupo diversificado de participantes. Sua principal concorrente, a Mastercard, também está inserida no universo das criptomoedas, colaborando ativamente com diversas empresas para integrar pagamentos com criptomoedas e tokenizar uma parcela significativa de suas transações. Essa competição acirrada pelo futuro dos pagamentos digitais está levando ambas as empresas a inovar em um ritmo sem precedentes.
Além dos rivais tradicionais, uma nova classe de concorrentes em stablecoins está surgindo. Gigantes do varejo como Walmart e Amazon, com vastas operações internacionais, estão explorando o lançamento de suas próprias moedas. A motivação é clara: elas poderiam alavancar essas stablecoins para reduzir significativamente o custo e a fricção do comércio internacional, ignorando completamente os sistemas de pagamento tradicionais.
O setor bancário também está atento. O JPMorgan já firmou uma parceria com a Coinbase para permitir que os clientes vinculem suas contas e convertam recompensas em USDC. Enquanto isso, o CEO do Bank of America, Brian Moynihan, discutiu abertamente os planos para criar uma stablecoin e equipar o banco com plataformas de pagamento. Essas iniciativas sugerem o reconhecimento de que as stablecoins não são apenas uma curiosidade tecnológica, mas uma parte essencial da infraestrutura financeira do futuro.
A ascensão das stablecoins é uma ameaça direta aos modelos de negócios tradicionais dos processadores de pagamento. Em uma admissão franca no início deste ano, representantes da Mastercard reconheceram que as stablecoins são uma tecnologia disruptiva que poderia desafiar diretamente seus negócios de processamento de pagamentos.
Esse sentimento é corroborado por dados: Noam Hurwitz, chefe de engenharia da empresa de infraestrutura de pagamento Alchemy, destacou que o volume de transações com stablecoins já ultrapassou o da Visa e da Mastercard combinadas.
Ao adotar as stablecoins e integrá-las à sua própria plataforma, a Visa não está apenas competindo com outras instituições… está se adaptando ativamente a um novo paradigma de liquidação digital.