Ethereum: o “token de Wall Street” das stablecoins

Jan van Eck, CEO da gigante de gestão de investimentos VanEck, acredita que o Ethereum pode emergir como a principal infraestrutura de blockchain para bancos e serviços financeiros, à medida que o mundo se prepara para uma onda de adoção de stablecoins.

Em entrevista, van Eck argumentou que a arquitetura do Ethereum lhe confere uma vantagem, já que as instituições buscam redes confiáveis para processar transações digitais em dólares.

“É basicamente o que eu chamo de token de Wall Street. O que quero dizer é que, por causa das stablecoins, todos os bancos e todas as empresas de serviços financeiros precisarão integrar um mecanismo para recebê-las e enviá-las. E o verdadeiro vencedor será o ecossistema de blockchain sobre o qual esses bancos decidirem se basear. Esse será o Ethereum, ou algo que se baseie na metodologia do Ethereum.”

Os comentários de van Eck ocorrem em um momento em que o ambiente regulatório nos Estados Unidos está mudando em favor das stablecoins. No mês passado, o Congresso dos EUA aprovou a Lei Genius, a primeira lei federal dedicada exclusivamente a stablecoins de pagamento. O presidente Donald Trump sancionou o projeto logo depois. Analistas a descrevem como um divisor de águas para o setor, pois fornece uma base legal mais clara para emissores de stablecoins e instituições que podem utilizá-las. Enquanto isso, a oferta total de stablecoins ultrapassou recentemente US$280 bilhões, reforçando a demanda por ativos digitais atrelados ao dólar.

Van Eck enfatizou que o setor bancário não tem escolha a não ser se adaptar:

“As empresas precisam empregar tecnologia para permitir o uso de stablecoins nos próximos 12 meses. Pode levar um tempo, mas nenhuma empresa de serviços financeiros quer dizer: ‘Não, não me envie esse dólar digital’. Se eu quiser enviar stablecoins para você, seu banco precisa descobrir, ou você simplesmente encontrará outra instituição disposta a processá-las.”

As opiniões de van Eck se alinham com outras vozes proeminentes. No início do ano, Eric Trump, vice-presidente executivo da Organização Trump e filho do presidente dos EUA, destacou que os bancos precisariam adotar criptomoedas ou correriam o risco de extinção na próxima década. Essa retórica reflete a crescente crença de que os ativos digitais não são mais um experimento opcional, mas uma necessidade estratégica.

Os dados confirmam essa tendência. Um relatório da Fireblocks, publicado em 14 de maio, revelou que 90% das instituições pesquisadas estão explorando ativamente como integrar stablecoins às suas operações. Seja para liquidações, folha de pagamento ou transações internacionais, a eficiência e a velocidade dos sistemas de pagamento baseados em blockchain já são vistas como melhorias significativas em relação aos sistemas legados.

Não surpreende que essa visão esteja em sintonia com a estratégia da VanEck. A gestora foi uma das primeiras nos EUA a obter aprovação regulatória para um ETF baseado em Ether, autorizado pela SEC em julho de 2024. O fundo, que não detém Ether diretamente, mas acompanha seu preço de mercado, já administra mais de US$284 milhões em ativos.

O preço do Ethereum também reflete esse impulso. Segundo dados da CoinGecko, o Ether atingiu uma nova máxima histórica de US$4.946, antes de recuar para US$4.566, registrando uma queda de 1% em 24 horas. Parte da alta vem da crescente adoção de Ether em tesourarias corporativas, o que reforça sua narrativa como ativo de investimento.

Matt Hougan, diretor de investimentos da Bitwise Asset Management, destacou em entrevista ao Cointelegraph:

“Isso resolveu o problema da narrativa do Ethereum, apresentando-o em uma estrutura que os investidores tradicionais entendem.”

Só no último mês, empresas adquiriram mais de US$6 bilhões em Ether para seus balanços. BitMine e SharpLink estão entre as mais agressivas nas compras, confiando que a utilidade do Ethereum crescerá com o avanço das transações com stablecoins e ativos tokenizados.

Para van Eck, a mensagem é clara: o sistema financeiro passa por uma transição histórica, e o Ethereum está em posição única para se beneficiar. Embora outras blockchains possam competir, o ecossistema de desenvolvedores, o histórico de segurança e o reconhecimento institucional fazem do Ethereum o candidato mais forte para ancorar o futuro das finanças digitais.


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