Os mercados de criptomoedas entraram no último trimestre do ano com uma forte onda de impulso, reforçando o apelido sazonal do mercado para outubro, “Uptober“. O Bitcoin liderou essa investida, rompendo níveis técnicos importantes e atingindo um preço não visto em 7 semanas. Esse forte avanço parece ser impulsionado por uma combinação de padrões históricos de mercado e um cenário macroeconômico em transformação, onde sinais de arrefecimento econômico estão aumentando as expectativas por uma política monetária mais acomodatícia por parte do banco central.
Em um período decisivo de 24 horas, o valor do Bitcoin subiu 4%, atingindo um pico de quase 120 mil dólares no início do pregão, antes de sofrer uma ligeira retração. Esse movimento marca a maior valorização do ativo digital desde meados de agosto, encerrando efetivamente um período prolongado de correção e consolidação que se seguiu à sua máxima histórica anterior.
A alta não apenas recapturou a atenção dos investidores, mas também teve um impacto significativo no mercado em geral. A capitalização total de todos os criptoativos aumentou em mais de 3,5%, atingindo bem mais de 4 trilhões de dólares e sinalizando um renovado senso de otimismo entre os participantes. Em um marco notável, a capitalização de mercado individual do Bitcoin eclipsou brevemente a da gigante do comércio eletrônico e da computação em nuvem Amazon, um sinal simbólico da crescente importância do ativo digital no sistema financeiro global.

Historicamente, outubro tem sido um mês consistentemente forte para o Bitcoin. Dados de mercado revelam que, em 10 dos últimos 12 anos, o ativo encerrou o mês com ganhos positivos, criando um forte precedente psicológico que frequentemente influencia o comportamento dos traders. Este ano, o efeito “Uptober” está sendo amplificado por novos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos. Relatórios recentes indicaram que, embora as vagas de emprego tenham apresentado um aumento marginal, a taxa de contratação efetiva diminuiu. Esse sinal sutil, mas significativo, de um mercado de trabalho em enfraquecimento fortaleceu a justificativa para que o Federal Reserve implemente novos cortes nas taxas de juros.
Esse contexto econômico é crucial para entender a alta de ativos de risco, como criptomoedas. Quando o banco central reduz as taxas de juros, reduz o rendimento de investimentos mais seguros, como títulos e contas de poupança, tornando-os menos atraentes. Consequentemente, os investidores frequentemente transferem capital para ativos com maior potencial de crescimento, como ações e moedas digitais, em busca de melhores retornos. Analistas de mercado têm interpretado amplamente a recente alta das criptomoedas como uma reação direta a essas mudanças nas expectativas de política monetária. Os dados fracos do mercado de trabalho intensificaram a crença de que a economia não pode suportar custos de empréstimos mais altos, praticamente garantindo condições financeiras mais brandas no futuro. De acordo com os mercados de derivativos, os traders agora estão precificando uma redução de 25% na taxa de juros na próxima reunião de política monetária do Fed.
Embora o Bitcoin tenha sido o principal impulsionador desse avanço em todo o mercado, sua trajetória ascendente criou um forte impulso para outros ativos digitais. O Ether, a segunda maior criptomoeda, registrou um ganho de mais de 5%, subindo novamente para a marca de 4.400 dólares. O efeito cascata foi ainda mais pronunciado em níveis mais distantes no espectro de risco, com altcoins proeminentes como Solana, Dogecoin, Cardano e Chainlink registrando ganhos superiores a 6%.
Essa dinâmica é típica dos ciclos do mercado de criptomoedas, onde uma forte alta do Bitcoin frequentemente inspira confiança generalizada, levando a altas ainda mais agressivas em ativos alternativos.