A maldição dos airdrops de criptomoedas

A maldição dos airdrops de criptomoedas

Os airdrops tornaram-se um pilar do marketing em criptomoedas, uma estratégia para novos projetos gerarem atenção e distribuírem tokens para um grande público. No entanto, um relatório baseado em sete anos de dados revela que esse método é profundamente falho. Segundo a DAPPRADAR, apesar de mais de 20 bilhões de dólares em tokens distribuídos desde 2017, 88% deles perdem valor em apenas três meses — uma evidência clara de que existe um abismo entre o hype inicial e a sustentabilidade de longo prazo.

Especialistas do setor apontam uma combinação de fatores para essa altíssima taxa de fracasso, mas concordam que a “maldição” do airdrop está ligada a falhas no design de distribuição, utilidade e liquidez.

O cerne do problema, explica Jackson Denka, CEO da AZURA, é que muitos desses tokens pertencem a protocolos que são “fundamentalmente falhos”. Ele afirma:

“Não têm adoção real e não geram receita.”

Segundo ele, nenhum incentivo financeiro compensa um produto ruim. Projetos sólidos, com crescimento real, tendem a valorizar seus tokens ao longo do tempo — independentemente do modelo de distribuição.

Mesmo bons projetos acabam tropeçando no formato do airdrop. A intenção costuma ser recompensar detentores de longo prazo, mas a prática favorece os “caçadores de airdrops” e “farmers” — usuários que realizam o mínimo necessário para receber tokens gratuitos e vendem tudo imediatamente, criando pressão de venda previsível. Kanny Lee, CEO da SECONDSWAP, aponta que isso piora quando os projetos “liberam muita liquidez muito rapidamente”, inundando o mercado com mais tokens do que compradores.

(Os airdrops são distribuídos de diversas maneiras.)

Para romper esse ciclo, especialistas defendem uma reformulação completa do design dos airdrops. Robert Hoogendoorn, da DAPPRADAR, afirma que os projetos precisam analisar melhor a atividade on-chain, comportamento de negociação e até a “reputação” social para filtrar farmers. Ele cita o exemplo da OPTIMISM, que usou uma “distribuição faseada” para recompensar engajamentos variados ao longo do tempo. O airdrop de 2024 da HYPERLIQUID também foi elogiado por incentivar o envolvimento contínuo da comunidade e excluir investidores de capital de risco.

Do lado da oferta, há caminhos igualmente importantes. Lee sugere cronogramas de desbloqueio gradual, que liberam tokens em etapas. Isso incentiva o engajamento contínuo e ajuda a “construir liquidez progressivamente”, em vez de despejar todo o fornecimento no mercado de uma só vez.

Apesar dessas melhorias possíveis, alguns permanecem céticos. Denka prevê que os airdrops serão vistos como um “fenômeno passageiro” na história das criptomoedas.
Ele observa:

“Nenhum outro mercado financeiro distribui ações gratuitas para seus usuários.”

Para ele, o mercado pode voltar aos modelos de ICOs, em que investidores pagam pelos tokens antes do lançamento. Independentemente de evoluírem ou desaparecerem, uma coisa é clara: o modelo simples de distribuição em massa fracassou. Projetos sustentáveis devem priorizar a construção de uma comunidade de usuários genuínos, e não uma multidão de especuladores temporários.


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