Bitcoin demonstra sinais de exaustão

Bitcoin demonstra sinais de exaustão

Com o fim de novembro de 2025 se aproximando, o mercado de criptomoedas encontra-se em um estado precário de limbo. A euforia que caracterizou o início do outono, quando o Bitcoin quebrou recordes e atingiu a impressionante máxima histórica de pouco mais de 126.000 dólares em 4 de outubro, dissipou-se. Em seu lugar, uma forte sensação de exaustão paira sobre os gráficos. A movimentação de preços tornou-se letárgica, lutando para manter o ímpeto, e a narrativa que impulsionou o crescimento explosivo do ano parece estar se desfazendo. Investidores que antes vislumbravam um preço de um quarto de milhão de dólares até a véspera de Ano Novo agora são forçados a confrontar uma realidade preocupante: a alta do mercado pode já ter atingido seu pico no ano.

O ceticismo em relação a uma recuperação no final do ano talvez seja melhor articulado por Houston Morgan, analista da SHAPESHIFT. Sua avaliação é direta: é improvável que o mercado ultrapasse novamente a marca de US$ 125.000 em 2025. Esse teto está perigosamente próximo do pico de outubro, limitando efetivamente qualquer potencial de alta para as semanas restantes do ano. Morgan identifica um culpado específico, não técnico, para essa estagnação: a forte ligação do mercado com o ciclo de notícias políticas, especificamente os anúncios feitos pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Ao longo de 2025, o Trump Trade foi um dos principais impulsionadores da liquidez, com cada indício de política pró-criptomoedas ou nomeação regulatória funcionando como uma injeção de adrenalina para os preços. No entanto, a lei dos retornos decrescentes entrou em ação. O mercado precificou a boa vontade política e, sem novos catalisadores econômicos substanciais, a mera menção do nome do presidente não gera mais altas expressivas. Para que uma recuperação sustentável seja retomada, o Bitcoin precisa, sem dúvida, se desvincular da política de Washington e redescobrir seus próprios fatores intrínsecos de demanda.

(O Bitcoin caiu 10,01% nos últimos sete dias.)

Essa “exaustão” não é apenas uma sensação; isso é visível nos dados on-chain. Analistas da BITFINEX sinalizaram uma tendência preocupante de distribuição persistente por parte de detentores de longo prazo. No jargão do mercado, “distribuição” é uma forma educada de dizer que o “dinheiro inteligente” — entidades que detêm Bitcoin há anos — está usando a liquidez atual para liquidar seus investimentos. Eles estão se desfazendo de suas posições em um mercado onde a demanda está diminuindo.

Essa pressão estrutural cria um obstáculo constante para a formação de preços. Quando os detentores de longo prazo vendem, eles introduzem uma oferta que novos compradores precisam absorver. Se esses novos compradores forem escassos, o suporte ao preço desmorona. A BITFINEX alerta que, a menos que o Bitcoin consiga recuperar decisivamente o nível de US$ 116.000, o caminho de menor resistência continua sendo a queda. Quanto mais tempo o preço permanecer abaixo desse patamar, mais o sentimento se deteriora, aumentando o risco de que detentores frustrados capitulem.

O impacto psicológico dessa estagnação é evidente no Índice de Medo e Ganância das Criptomoedas. Há poucas semanas, o indicador piscava “Ganância Extrema”, mas na terça-feira, despencou para 21, indicando “Medo Extremo”. Essa drástica mudança de humor ocorreu quando o Bitcoin atingiu mínimas de quatro meses, a US$ 100.800, um golpe psicológico para os investidores que estavam acostumados com níveis de suporte na casa dos seis dígitos. A súbita transição da euforia para o pânico ressalta a fragilidade da estrutura atual do mercado, onde a confiança é escassa e a alavancagem é alta.

Esse clima sombrio contrasta fortemente com as previsões exuberantes que dominavam os meios de comunicação há apenas um mês. Figuras proeminentes do setor, como Tom Lee, da FUNDSTRAT, e Arthur Hayes, cofundador da BITMEX, passaram grande parte de 2025 defendendo uma previsão ousada: Bitcoin entre US$ 200.000 e US$ 250.000 até o final do ano. Sua tese se baseava em uma combinação perfeita de cortes nas taxas de juros do FEDERAL RESERVE, adoção institucional e uma injeção de liquidez pós-eleitoral. Embora a confiança permaneça tecnicamente inabalável, a janela para um movimento parabólico como esse está se fechando rapidamente. O CEO da GALAXY DIGITAL, Mike Novogratz, trouxe um alerta realista a esse otimismo, observando que, para o Bitcoin dobrar de valor no último mês do ano, “os planetas precisariam se alinhar quase perfeitamente”. É um reconhecimento de que, embora tudo seja possível no mercado de criptomoedas, contar com um milagre não é uma estratégia de investimento.

Olhando para o futuro, a bola de cristal para 2026 é igualmente incerta. A comunidade de analistas está dividida. Matt Hougan, diretor de investimentos da BITWISE, permanece otimista, prevendo que 2026 será um “ano de alta”, no qual o mercado absorverá os ganhos de 2025 e seguirá em frente. Por outro lado, o analista financeiro Andrew Lokenauth prevê uma ressaca. Ele argumenta que 2026 provavelmente será semelhante aos históricos “anos de meio de mandato”, que frequentemente trazem mercados de baixa ou oscilações laterais prolongadas à medida que os ciclos de liquidez se tornam mais restritos. O trader veterano Peter Brandt acrescenta um tom mais sombrio a essa perspectiva, sugerindo que, se as estruturas de suporte atuais falharem, o Bitcoin poderá recuar até US$ 60.000 — um nível que representaria uma queda de 50% em relação às máximas de outubro. Com o futuro incerto, o mercado se vê dividido entre esperança e apreensão.

Com o fim do ano se aproximando, o mercado está preso em uma disputa acirrada. De um lado, estão os touros exaustos, na esperança de que a “Operação Trump” ainda tenha um último fôlego.
Ou seja, os investidores de longo prazo podem parar de vender. Por outro lado, estão os pessimistas, encorajados pelo colapso da estrutura de mercado e pelo medo palpável no ar. Para o investidor médio, a mensagem é clara: o dinheiro fácil de 2025 já foi ganho. O que vem a seguir é uma jornada árdua, onde paciência e cautela provavelmente superarão a fé cega em previsões mirabolantes.


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