Blockchain ganha independência do preço do Bitcoin

Blockchain ganha independência do preço do Bitcoin

Nas últimas semanas de 2025, uma significativa dissociação está ocorrendo no cenário de ativos digitais, marcando um possível ponto de virada na forma como as instituições financeiras tradicionais interagem com a tecnologia blockchain. Durante anos, o apetite por inovação em criptomoedas em Wall Street esteve inextricavelmente ligado ao desempenho volátil do preço do Bitcoin. Quando o preço disparava, bancos e gestores de ativos corriam para construir infraestrutura e contratar talentos; quando o mercado caía, essas iniciativas eram frequentemente as primeiras a serem encerradas.

No entanto, segundo Thomas Cowan, chefe de tokenização da Galaxy, essa correlação cíclica parece ter se rompido no final de 2025. Em um discurso na conferência The Bridge, em Nova York, Cowan destacou uma clara separação entre a especulação de preços das criptomoedas e a adoção estrutural da tokenização. Ele observou que o interesse institucional permaneceu robusto e até acelerou nos últimos meses, apesar da correção significativa do Bitcoin em relação às máximas anuais. Isso sugere que os principais players do mercado financeiro não veem mais o blockchain apenas como um cassino para moedas digitais, mas sim como uma base tecnológica superior para movimentar e armazenar valor, avaliada por seus próprios méritos: liquidação mais rápida, custos reduzidos e maior transparência.

O comportamento recente do mercado evidencia essa mudança. Embora o Bitcoin tenha caído de um pico de mais de US$ 126.000 para cerca de US$ 102.000, o ímpeto por trás da tokenização — a representação de ativos do mundo real em blockchain — continua inabalável. Isso indica que os horizontes estratégicos das grandes organizações se expandiram para além das flutuações trimestrais de uma única classe de ativos.

Cowan atribui essa durabilidade a uma mudança de percepção entre os executivos financeiros tradicionais, que normalmente operam em prazos de décadas. Eles passaram a reconhecer que a tecnologia de registro distribuído (DLT) é inevitável como infraestrutura de back-end para o futuro das finanças. A discussão mudou do “se” para o “como”, com foco em demonstrar benefícios claros e quantificáveis. Cowan expressou a esperança de que 2026 seja uma era de prova de conceito, consolidando a tokenização como método eficiente para a gestão de ativos e imune à mentalidade de “inverno cripto”.

Um catalisador importante é a mudança regulatória nos Estados Unidos. O governo Trump flexibilizou normas sobre criptomoedas, proporcionando clareza para entidades regulamentadas que antes hesitavam em entrar no mercado. Com os obstáculos regulatórios superados, a infraestrutura para uma economia tokenizada está sendo construída com seriedade ausente nos frenesis especulativos de 2017 ou 2021.

A aplicação prática dessa tecnologia é evidente na explosão das stablecoins, que se tornaram a porta de entrada para a atividade institucional on-chain. Cowan destacou também os fundos de mercado monetário tokenizados como o próximo passo lógico. Essa transição da posse passiva de stablecoins para produtos que geram rendimento representa um amadurecimento do mercado, combinando liquidez 24/7 e segurança comparável à dívida soberana tradicional.

Em última análise, a mensagem da Galaxy é clara: o setor está entrando em uma fase de implementação, e não de descoberta. Ao se desvincular da volatilidade do Bitcoin e focar na utilidade do blockchain como camada de liquidação, a tokenização encontrou uma base sólida.

Espera-se que os próximos anos vejam essa tendência se consolidar, à medida que o “backend” das finanças globais migra lentamente para o blockchain, independentemente da variação do preço do Bitcoin.


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