À medida que as finanças descentralizadas (DeFi) continuam a evoluir rapidamente, um componente financeiro significativo permanece visivelmente ausente: renda fixa.
Em um episódio recente do ‘Hashing It Out’, o apresentador Elisha Owusu Akyaw sentou-se com Brandon Goh, cofundador e CEO da Treehouse, para discutir a estabilidade de longo prazo do DeFi e seu potencial para atrair adoção institucional.
Renda fixa se refere a instrumentos financeiros que fornecem retornos na forma de pagamentos regulares e fixos. Isso inclui ativos como títulos, contas de poupança e outros títulos com juros que formam a espinha dorsal das finanças tradicionais. Apesar de sua importância nos mercados financeiros convencionais, a renda fixa tem lutado para ganhar uma posição no espaço criptográfico.
Goh destacou que, embora o DeFi tenha feito progressos no desenvolvimento de derivativos, plataformas de empréstimo e exchanges descentralizadas, ele não tem uma taxa de referência fundamental semelhante à London Interbank Offered Rate (LIBOR), que é essencial para estabelecer um mercado de renda fixa confiável.
“A ausência de taxas padronizadas tornou desafiador dimensionar produtos de renda fixa em um ambiente descentralizado. A indústria pulou uma classe de ativos inteira. A renda fixa é quase inexistente no cenário atual do DeFi. Essa lacuna se deve à falta de infraestrutura necessária, particularmente a ausência de taxas de referência. Se você não tem essa camada fundamental, é muito difícil ter uma classe de ativos de renda fixa sólida.”
Para resolver esse problema, Goh propôs a criação de uma Taxa de Oferta Descentralizada (DOR), um benchmark on-chain projetado para aumentar a eficiência e a transparência do mercado. O DOR poderia fornecer uma taxa de referência confiável para produtos de renda fixa, permitindo que o DeFi desenvolva um mercado mais robusto para tais ativos.
O modelo da Treehouse permite que os usuários obtenham retornos previsíveis enquanto mitigam os riscos associados a produtos geradores de rendimento. Essa abordagem poderia facilitar um ambiente de investimento mais estável, incentivando a participação do varejo e institucional.
Ao introduzir uma taxa padronizada, o espaço DeFi poderia potencialmente atrair uma gama maior de participantes que buscam opções de investimento de menor risco. A confiabilidade da renda fixa poderia servir como uma ponte para instituições financeiras tradicionais hesitantes em se envolver com a alta volatilidade e riscos frequentemente associados ao DeFi.
Mas como grandes instituições financeiras podem abordar o DeFi? Embora esses participantes geralmente não se envolvam em estratégias DeFi de alto risco, eles poderiam começar explorando oportunidades de rendimento estáveis e transparentes, como staking. Ao se concentrar nessas vias de menor risco, as instituições podem gradualmente ganhar confiança no ecossistema DeFi.
O estabelecimento de um mercado confiável de renda fixa pode servir como um ponto de entrada ideal para finanças tradicionais, ajudando a preencher a lacuna entre finanças convencionais e o crescente setor de criptomoedas. À medida que a clareza regulatória aumenta e a infraestrutura melhora, a renda fixa pode se tornar um pilar fundamental na próxima fase da evolução do DeFi.
Goh acrescentou:
“Espero por um futuro em que o DeFi se mova em direção ao crescimento sustentável em vez de depender de incentivos insustentáveis de alto rendimento que caracterizaram alguns de seus desenvolvimentos recentes. Essa transição é crucial para construir confiança e estabilidade dentro do ecossistema, o que pode, em última análise, impulsionar a adoção generalizada de soluções DeFi.”
Como a renda fixa continua sendo uma área subdesenvolvida no DeFi, o potencial de crescimento é significativo. Ao se concentrar na criação de infraestrutura que suporte produtos de renda fixa, o espaço DeFi pode atrair um público mais amplo, incluindo investidores conservadores e instituições que buscam retornos estáveis.
À medida que o DeFi continua a amadurecer, abordar os desafios relacionados à renda fixa pode abrir caminho para um ecossistema financeiro mais estável e sustentável. A introdução de benchmarks como o DOR pode não apenas aumentar a transparência e a eficiência, mas também promover maior confiança entre os investidores institucionais.
