No começo de 2020 acompanhamos uma alta valorização do Bitcoin. Ao mesmo tempo, foi notificado o surto do coronavírus. Estariam ambos os eventos relacionados? Especialistas divergem sobre o tema.
Uma parte dos analistas do criptomoercado aponta que investimentos tradicionais estão sendo migrados para as criptomoedas. Dessa forma haveria uma “proteção” patrimonial.
Quando olhamos para os fatos, a primeira internação na China pelo coronavírus ocorreu em 29 de dezembro de 2019. Na época, o Bitcoin estava valendo cerca de US$ 7.300. No mês de fevereiro de 2020, o surto da doença está aparentemente descontrolado. O Bitcoin, por sua vez, bateu valores acima de US$ 9.500.
Em resumo, podemos dizer que houve uma valorização do Bitcoin superior a 30% nesse período. Além disso, a Bolsa de Xangai caiu quase 9% no mesmo período e o Ibovespa subiu 0,5%.
No entanto, devemos lembrar que muitas coisas estão acontecendo no mundo das criptos atualmente. O Having do Bitcoin está previsto para os primeiros meses de 2020, sendo um evento muito aguardado pela comunidade da cripto.
Além disso, a adoção das criptomoedas como forma de pagamento também pode estar influenciando no preço. Um estudo realizado pela HSB apontou que quase 40% das micro e pequenas empresas dos EUA aceitam criptos.
Motivos para a valorização do Bitcoin
Para Alexandre Monteiro, sócio da startup MelhorCambio.com, o coronavírus acabou vindo para ajudar na valorização do Bitcoin. Segundo ele, os criptoativos trazem uma espécie de “descorrelação” muito importante em momentos de crises.
Dessa forma, por não ser centralizado, o Bitcoin acaba por sair ileso de crises enfrentadas no mundo. Porém, por conta desse atributo, acaba sendo uma forma de “salvar” patrimônio.
No entanto, para João Canhada, CEO da FoxBit, o coronavírus não teve tanto impacto assim na valorização do Bitcoin. Todavia, o momento é muito oportuno para todas as criptos, e pode ser apenas uma coincidência o aumento de preço e o surto da doença.
Porém, Canhada faz uma menção que essa valorização tem um certo embasamento histórico, pois é comum haver volatilidade quando há epidemias – ou ameças de epidemias – globais. De fato, o que normalmente ocorre é vender ativos e buscar uma reserva de valor, como o ouro ou, mais recentemente, o Bitcoin.
O coronavírus mostrou o problema das moedas fiduciárias
Para o CEO da Binance, Changpeng Zhao, a epidemia do coronavírus mostrou ao mundo os perigos da centralização da moeda. Dessa forma, esse despertar dos investidores pode ter feito com que criptoativos se tornassem mais agradáveis.
No entanto, alerta que não está ocorrendo uma migração total entre ações tradicionais e as criptomoedas. Se isso ocorresse teríamos uma valorização exorbitante do Bitcoin, passando dos 100% facilmente, fato que não aconteceu.
Outro ponto que fez investidores questionarem a segurança das moedas fiduciárias foi o investimento trilionário que China fez em um curto período de tempo. Dessa forma, foi possível constatar em primeira mão o poder que um banco central tem sobre sua própria moeda, o que não é interessante aos olhos dos investidores.
Para ajudar a combater o surto da doença, a China imprimiu mais de 1 trilhão de yuans em algumas horas. Esse movimento é preocupante para quem depende da moeda chinesa.
