Bitcoin não protege contra a inflação, mas ganha com a oscilação do dólar

Bitcoin não protege contra a inflação, mas ganha com a oscilação do dólar

Uma das crenças mais fundamentais, quase religiosas, dentro da comunidade de criptomoedas é a ideia de que o BITCOIN é “ouro digital”. A narrativa é simples, elegante e profundamente atraente: em um mundo onde os bancos centrais podem imprimir dinheiro indefinidamente, um ativo descentralizado com uma oferta fixa e limitada de 21 milhões de moedas deve ser a proteção definitiva contra a inflação.

O único problema, de acordo com uma nova pesquisa da empresa de serviços financeiros NYDIG, é que os dados simplesmente não corroboram essa conclusão.

Greg Cipolaro, chefe global de pesquisa da NYDIG, recentemente colocou essa crença à prova e a considerou falha. “O Bitcoin não é uma proteção contra a inflação”, afirmou. Quando sua equipe analisou os dados, as correlações entre o preço do BITCOIN e a inflação real medida não foram consistentes, nem particularmente altas. Surpreendentemente, o próprio ouro também não é uma proteção muito confiável contra a inflação, com sua variação de preço frequentemente mostrando uma relação inconsistente ou até inversa com o aumento dos preços.

(A NYDIG afirmou que, embora o BITCOIN e o ouro sejam afetados de forma semelhante por eventos macroeconômicos, os dois ativos permanecem não correlacionados entre si.)

Essa descoberta não é apenas uma peculiaridade estatística. O período de 2022 a 2023 forneceu o laboratório perfeito do mundo real. À medida que a inflação nos EUA e na Europa disparava para os níveis mais altos em 40 anos, o modelo stock-to-flow e seus defensores previram que o BITCOIN experimentaria uma alta parabólica. Em vez disso, ele despencou, perdendo mais de 70% do seu valor. Comportou-se como uma ação de tecnologia de alto risco, caindo junto com o NASDAQ, enquanto o FEDERAL RESERVE aumentava as taxas de juros. Isso provou que o BITCOIN não protege contra a inflação; ele reage à resposta à inflação.

Se o BITCOIN não responde à inflação, a que ele responde? À força do dólar americano. Cipolaro aponta que tanto o BITCOIN quanto o ouro compartilham uma forte correlação inversa com o Índice do Dólar Americano (DXY). Quando o dólar se fortalece, os preços desses ativos tendem a cair. Quando o dólar enfraquece, o capital flui para eles como alternativa. Essa tendência, embora mais recente para o Bitcoin, está se consolidando, sugerindo que sua integração ao mercado financeiro tradicional aumenta sua sensibilidade ao dólar, espelhando o comportamento do ouro.

O dólar é apenas parte do quadro. Taxas de juros e oferta monetária global (M2) são igualmente críticas. O BITCOIN prospera quando as taxas estão caindo e sofre quando elas sobem. Além disso, quando os bancos centrais injetam liquidez no sistema, o BITCOIN é um dos principais beneficiários desse capital adicional. Ele se tornou um barômetro de liquidez, refletindo o fluxo de dinheiro no mercado, e não apenas a inflação.

Cipolaro faz uma distinção clara:

  • O ouro: proteção contra a taxa real; melhor desempenho quando as taxas de juros perdem para a inflação.
  • O Bitcoin: mede a resposta à inflação; um ativo que prospera quando políticas monetárias criam novo capital no sistema.

Nesta nova era institucional, o Bitcoin não protege contra uma economia em colapso; ele se beneficia das medidas tomadas para salvá-la.


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