A Planck Network, um novo protocolo de infraestrutura, lançou oficialmente sua blockchain de camada 0, com o objetivo de fornecer uma plataforma fundamental para o crescente setor de inteligência artificial.
Este desenvolvimento é uma resposta direta à natureza cada vez mais centralizada do desenvolvimento de IA, atualmente dominado por um punhado de gigantes da tecnologia como OpenAI e Google. A nova blockchain foi projetada especificamente para suportar redes de IA descentralizadas, particularmente aquelas construídas com base no princípio de ‘Redes de Infraestrutura Física Descentralizadas’ (DePINs).
Uma blockchain de camada 0, diferentemente de suas contrapartes de camada 1 mais conhecidas, como Bitcoin ou Ethereum, é a rede fundamental que se encontra abaixo de outras blockchains. Ela é composta pelos protocolos, hardware e nós que formam a base de um ecossistema descentralizado. Pense nela como um conjunto de padrões de interoperabilidade que permitem que várias blockchains (camadas 1) se comuniquem entre si, assim como os protocolos TCP/IP da internet permitem que diferentes redes de computadores se conectem. Essa arquitetura é crucial para lidar com problemas de escalabilidade e interoperabilidade, pois permite a criação de subcadeias especializadas, ou “rollups”, que podem lidar com tarefas específicas — neste caso, cargas de trabalho de IA — sem congestionar a rede principal.
O lançamento da blockchain de camada 0 é um movimento estratégico para infundir no cenário de IA os princípios da Web3 de descentralização, governança aberta e propriedade do usuário. Ao criar uma alternativa descentralizada aos serviços de nuvem centralizados, a Planck busca democratizar o acesso à computação de IA de alto desempenho. A empresa observa que essa é uma necessidade crítica, visto que a computação de IA centralizada não só é fortemente controlada por poucos participantes, como também é extremamente cara, com os serviços de nuvem tradicionais custando significativamente mais do que as alternativas descentralizadas.
“Ao alavancar uma rede distribuída de GPUs, a Planck pode oferecer poder de computação por uma fração do custo, com economias potenciais de até 90%.”
O modelo financeiro foi projetado para criar um ecossistema autossustentável. O protocolo gerará receita de diversas fontes, incluindo taxas de transação, uso do kit de desenvolvimento de software (SDK) e ferramentas para desenvolvedores. Essa receita, por sua vez, é usada para recompensar os participantes que fornecem o poder computacional necessário.
Os operadores de GPU são incentivados com o token nativo da rede, baseado em um sistema de dupla prova: “prova de conectividade” para o tempo de atividade de uma máquina e “prova de entrega” para sua utilização efetiva. Isso garante que a rede seja confiável e eficiente, criando um mercado descentralizado e robusto para recursos computacionais.
Este modelo já mostra os primeiros sinais de sucesso. A empresa relatou ter gerado mais de US$1,5 milhão em receita desde fevereiro, principalmente com seus serviços de aluguel de GPU e contratos de computação. Essa fonte de receita coloca a Planck em concorrência direta com provedores de infraestrutura estabelecidos, como Vast.ai, CoreWeave e Lambda, todos os quais estão capitalizando a atual escassez global de chips de IA. Essa escassez impulsionou o crescimento explosivo do mercado de GPU como serviço, que deverá crescer de uma avaliação de US$4 bilhões em 2024 para impressionantes US$32 bilhões até 2034.
A Planck Network faz parte de um movimento mais amplo no setor de criptomoedas e blockchain para descentralizar a IA. Outros projetos notáveis incluem o Bittensor, que está construindo uma rede descentralizada de aprendizado de máquina, e o Fetch.ai, que se concentra na criação e implantação de agentes autônomos de IA.
No entanto, ao lançar uma blockchain de camada 0 especificamente adaptada para IA, a empresa está se posicionando como a camada de infraestrutura fundamental para essa nova onda de serviços de IA descentralizados e DePINs. Essa abordagem estratégica visa fornecer uma base sólida e escalável sobre a qual uma nova geração de aplicativos de IA nativos da Web3 possa ser construída, livre das restrições e dos altos custos das plataformas centralizadas atuais. A promessa não é apenas uma computação mais barata, mas um futuro mais aberto, transparente e resiliente para a inteligência artificial.