Com o fim de novembro de 2025 se aproximando, o mercado de criptomoedas testemunha uma clara rotação de capital que desafia a narrativa dominante de transparência da última década. Criptomoedas que preservam a privacidade baseadas em blockchain, há muito marginalizadas por temores regulatórios e exclusões de exchanges, protagonizaram um retorno notável.
Enquanto o setor de ativos digitais em geral esfriou, com a capitalização total de mercado contraindo quase 4%, para US$ 3,81 trilhões, um nicho específico está se desvinculando agressivamente dessa tendência. Criptomoedas que preservam a privacidade, há muito marginalizadas por temores regulatórios e exclusões de exchanges, protagonizaram um retorno notável. Essa alta impulsionou o valor total do setor brevemente acima da marca de US$ 24 bilhões, impulsionada por uma combinação de fervor especulativo, avanços tecnológicos e uma crescente preocupação global com a vigilância financeira.

O experimento fez parte da segunda fase do ambicioso projeto Drex do Brasil — frequentemente rotulado erroneamente como uma simples moeda digital de banco central (CBDC). Na realidade, o Drex é uma infraestrutura programável mais ampla, projetada para modernizar toda a estrutura financeira do país. Para este projeto piloto, a rede Drex foi conectada ao Projeto Ensemble de Hong Kong, uma iniciativa similar focada em ativos tokenizados e liquidação interbancária. O objetivo era simular a liquidação de transações de exportação de commodities agrícolas, um setor vital para a economia brasileira, mas frequentemente prejudicado por atritos nos sistemas de pagamento e transferência de propriedade.
A essência do experimento era resolver o dilema “entrega versus pagamento” (DvP) e “pagamento versus pagamento” (PvP). No comércio tradicional, os exportadores se preocupam em enviar mercadorias sem receber o pagamento, enquanto os importadores se preocupam em pagar sem receber as mercadorias. Essa falta de confiança exige intermediários dispendiosos e cartas de crédito lentas.
“Essa falta de confiança exige intermediários dispendiosos e cartas de crédito lentas.”
O projeto piloto substituiu esses mecanismos manuais de confiança por certeza criptográfica. Usando o Cross-Chain Interoperability Protocol (CCIP) da CHAINLINK, as duas redes blockchain distintas puderam “conversar” entre si de forma segura. Isso permitiu que o sistema automatizasse todo o ciclo de vida da transação: o pagamento era liberado para o exportador no exato momento em que o título digital das mercadorias (um conhecimento de embarque eletrônico) era transferido para o importador.
Essa automação faz mais do que apenas acelerar uma atualização de banco de dados; ela democratiza o acesso aos mercados globais. Como observou o BANCO INTER, a capacidade de tokenizar pagamentos e automatizar transferências de títulos reduz as barreiras de entrada para pequenas e médias empresas (PMEs). Atualmente, o alto custo e a complexidade do financiamento do comércio muitas vezes excluem os participantes menores. Ao reduzir os custos operacionais e o risco de contraparte por meio de contratos inteligentes, essa tecnologia poderia permitir que um pequeno produtor de café em Minas Gerais vendesse diretamente para um comprador em Hong Kong com o mesmo nível de segurança desfrutado por um conglomerado multinacional.
O STANDARD CHARTERED, um gigante financeiro com raízes profundas no comércio global, também participou do projeto piloto, ressaltando o apoio institucional a essa mudança. O envolvimento do banco está alinhado com previsões recentes de sua liderança de que o sistema financeiro está passando por uma “reconfiguração completa“. O envolvimento do banco está alinhado com previsões recentes de sua liderança de que o sistema financeiro está passando por uma “reconfiguração completa”, onde todas as transações serão eventualmente liquidadas em blockchains. Este projeto piloto transforma essa previsão de teoria em prática, demonstrando que instituições tradicionais e a infraestrutura DeFi estão começando a convergir.

A arquitetura técnica baseou-se fortemente no conceito de “interoperabilidade”. Assim como a internet se tornou valiosa porque diferentes redes de computadores podiam se comunicar via TCP/IP, a economia blockchain só pode escalar se diferentes blockchains bancárias puderem transacionar sem problemas. O papel da CHAINLINK como camada de tradução foi crucial nesse processo, garantindo que o Real brasileiro na rede Drex pudesse acionar ações na rede Ensemble de Hong Kong sem atritos. Essa capacidade é essencial para o Brasil, onde o BANCO CENTRAL está impulsionando agressivamente um “real digital sintético” que combine a estabilidade da moeda fiduciária com a programabilidade dos criptoativos.
Olhando para o futuro, este projeto piloto sinaliza uma transição da fase especulativa do blockchain para uma era utilitária de “finanças programáveis”. Com o presidente do BANCO CENTRAL DO BRASIL, Gabriel Galípolo, observando que 90% das transações com criptomoedas no país já envolvem stablecoins, o interesse por liquidação digital é evidente. O sucesso do projeto piloto do BANCO INTER comprova que a tecnologia está pronta para lidar com as demandas da economia real, abrindo caminho para um futuro onde o comércio global se move tão rápido quanto a própria informação.


