A Fundação Ethereum anunciou uma pausa nas submissões abertas de subsídios no âmbito do Programa de Apoio ao Ecossistema (ESP), marcando uma mudança significativa na forma como a organização sem fins lucrativos aloca financiamento aos projetos que moldam sua rede. A decisão reflete tanto a escala crescente do ecossistema da Ethereum quanto a pressão para equilibrar o grande volume de solicitações com a necessidade de direcionar recursos estrategicamente.
Por anos, o ESP tem sido pilar central do crescimento da Ethereum, fornecendo milhões de dólares em financiamento para centenas de iniciativas, desde ferramentas para desenvolvedores até recursos educacionais e pesquisa em infraestrutura. Somente em 2024, a fundação distribuiu cerca de US$ 3 milhões para 105 projetos. O ritmo acelerou drasticamente em 2025, com US$ 32,6 milhões concedidos no primeiro trimestre.
No entanto, esse crescimento trouxe desafios. A Fundação explicou que o número de solicitações sobrecarregou sua capacidade, limitando a habilidade de identificar e apoiar proativamente as áreas mais críticas para o roteiro de longo prazo do Ethereum.
Em vez de reduzir completamente o apoio, a fundação está reestruturando a alocação de fundos. O blog enfatizou que as doações continuarão, mas sob um modelo mais organizado. A partir do quarto trimestre, a Fundação divulgará diretrizes e prioridades do ecossistema mais claras, sinalizando aos desenvolvedores quais projetos têm maior probabilidade de receber apoio. O objetivo é garantir alinhamento estratégico, principalmente em áreas como escalabilidade, interoperabilidade e experiência do usuário.
A Fundação Ethereum é uma força motriz na evolução do blockchain. Criada em 2014 pelos cofundadores da Ethereum, ela fornece financiamento, governança, coordenação e suporte de pesquisa para grandes atualizações, desde a transição para proof-of-stake até o roteiro centrado em rollups. Suas ações recentes indicam um esforço de recalibragem em um cenário competitivo e fragmentado.
Em junho, a fundação revelou uma gestão de tesouraria mais transparente, com relatórios trimestrais e anuais sobre ativos, custos e investimentos. A medida foi vista como resposta à maior demanda por prestação de contas, considerando a escala do Ethereum e os bilhões de dólares em ativos vinculados ao ecossistema.
A concorrência se intensifica. Redes como Solana, Avalanche e BNB Smart Chain oferecem alternativas mais rápidas e baratas, atraindo desenvolvedores e usuários. Apesar disso, o Ethereum continua sendo a segunda maior blockchain por capitalização e domina as finanças descentralizadas, com US$ 91,5 bilhões em valor total bloqueado, segundo a DefiLlama.
A mudança de direção da fundação reflete essa realidade. Além de repensar a estratégia de doações, ela renovou a ênfase em desafios críticos de infraestrutura:
- Interoperabilidade: descrita como “a oportunidade de maior alavancagem” para aprimorar UX nos próximos 6-12 meses. Com rollups como Optimism, Arbitrum e Base, o Ethereum ganhou escalabilidade, mas a fragmentação exige comunicação fluida entre cadeias.
- Segurança: início de uma iniciativa de US$ 1 trilhão para proteger o Ethereum contra riscos e preparar para adoção ampla. O objetivo é servir como espinha dorsal das finanças descentralizadas e camada para instituições, empresas e governos.
As instituições já demonstram confiança. O CEO da VanEck, Jan van Eck, descreveu recentemente o Ether como:
“O token de Wall Street.”
Ele argumentou que a blockchain capaz de atrair investidores em torno das stablecoins dominará o setor. Comentários reforçam que, apesar dos desafios, o Ethereum continua sendo o blockchain mais reconhecido institucionalmente, com ETFs e tesourarias corporativas integrando-o cada vez mais.
Em conjunto, a pausa da Fundação nas submissões abertas marca um ponto de inflexão estratégico. O Ethereum não está mais em fase experimental, onde financiamento amplo era suficiente. À medida que a concorrência cresce e a adoção institucional se aprofunda, a rede deve concentrar recursos nas áreas com maior impacto a longo prazo.
Para os desenvolvedores que dependem do ESP, a mensagem é clara:
“O suporte continuará, mas com maior exigência e alinhamento ao roteiro estratégico do Ethereum.”
