Um grupo dos primeiros e mais ricos investidores de criptomoedas parece estar se movimentando. Dados on-chain mostram que um número significativo de carteiras Ethereum inativas há muito tempo, algumas das quais sem qualquer atividade por quase uma década, começou a movimentar seus ativos nos últimos meses. Esse despertar de capital antigo coincidiu com a valorização do Ethereum, que se aproximou de suas máximas históricas, gerando um debate sobre o que esses movimentos sinalizam para o mercado.
Essa atividade está sendo capturada por plataformas de análise de blockchain usando uma métrica conhecida como “Idade Consumida”. Esse indicador fornece um sinal mais claro do que apenas observar o volume bruto de transações. Ele funciona monitorando a movimentação de moedas e multiplicando essa quantidade pelo número de dias em que as moedas permaneceram inativas. Quando essa métrica dispara, é matematicamente certo que uma grande quantidade de Ether antigo, mantido por muito tempo, está sendo transferida, sugerindo que os detentores de longo prazo estão finalmente se movimentando.
De acordo com dados da plataforma SANBASE da SANTIMENT, o mês de setembro registrou dois dos picos mais significativos dessa métrica em todo o ano, além de um pico massivo em julho. O primeiro pico, ocorrido por volta de 6 de setembro, registrou uma pontuação de 502 milhões, seguido por um pico ainda maior de 603 milhões no final do mês. Esses movimentos confirmam que os detentores que resistiram a vários mercados de baixa agora estão reposicionando ativamente seus portfólios.
Análises adicionais de empresas como a NANSEN identificaram alguns desses investidores como participantes da “era da ICO” — os primeiros investidores que adquiriram Ether durante a venda inicial de tokens da rede em 2014. Naquela época, esses investidores compraram Ether por aproximadamente trinta centavos de dólar por moeda.
As transações variam de realizações de lucro cautelosas a reinvestimentos massivos e otimistas. Na quarta-feira, uma dessas “baleias”, que recebeu 20.000 ETH durante a ICO por um custo total de pouco mais de 6.000 dólares, fez sua primeira movimentação em oito anos. O endereço, que agora detém um ativo avaliado em mais de 78 milhões de dólares, transferiu 1.500 ETH para a exchange de criptomoedas KRAKEN. Essa movimentação para uma exchange é geralmente interpretada como um sinal de intenção de venda e realização de parte de seus lucros impressionantes e transformadores.
No entanto, outro participante da ICO, muito maior, fez um movimento que sugere exatamente o oposto. Uma entidade que adquiriu a impressionante quantia de 1 milhão de ETH durante o evento de gênese por aproximadamente 310.000 dólares — uma participação agora avaliada em quase 3,9 bilhões de dólares — também começou a movimentar fundos em setembro. Essa “baleia” transferiu 150.000 ETH, no valor de cerca de 646 milhões de dólares, de três carteiras separadas para um novo endereço único com o objetivo de realizar staking. Staking é o ato de bloquear ETH para ajudar a proteger a rede em troca de rendimentos. Essa ação não representa uma venda; é um reinvestimento profundo e de longo prazo, sinalizando uma forte convicção de que o valor do ativo continuará a se valorizar.
Até mesmo detentores menores e há muito esquecidos estão ressurgindo. Em agosto, um endereço que havia adquirido 158 Ether por apenas 49 dólares em 2014 realizou sua primeira transação em uma década, enviando uma pequena transação de teste de 0,001 ETH para garantir que a carteira ainda estivesse funcionando corretamente antes de, presumivelmente, movimentar o restante. Essa atividade repentina, desde grandes investidores até pequenos detentores, mostra que, à medida que o Ethereum atinge novos patamares de preço e maturidade, seus investidores mais antigos e pacientes estão começando a interagir novamente com seus ativos, trazendo uma nova e imprevisível onda de oferta antiga de volta ao mercado ativo.
