A fintech brasileira, Méliuz, está nas manchetes com sua mudança estratégica para o Bitcoin, com o objetivo de posicionar a criptomoeda como um ativo central em suas operações de tesouraria. Essa mudança reflete uma tendência mais ampla entre empresas de capital aberto que adotam ativos digitais para diversificar e fortalecer seus portfólios financeiros.
Em março de 2025, a Méliuz anunciou sua investida inicial no Bitcoin, alocando até 10% de suas reservas de caixa para a criptomoeda. A empresa adquiriu aproximadamente 45,72 BTC por cerca de US$4,1 milhões, a um preço médio de US$90.296 por Bitcoin. Essa decisão fez parte de uma estratégia mais ampla para aumentar o valor dos acionistas a longo prazo e se alinhar às tecnologias financeiras emergentes.
Para supervisionar essa iniciativa, a Méliuz estabeleceu um Comitê Estratégico de Bitcoin responsável por analisar e orientar os investimentos em criptomoedas da empresa. O papel do comitê inclui o desenvolvimento de diretrizes de governança e a operacionalização das compras de Bitcoin, garantindo que a abordagem da empresa permaneça estruturada e em conformidade com os padrões regulatórios.
A empresa agendou uma assembleia geral de acionistas para o início de maio de 2025, para votar a adoção formal do Bitcoin como principal ativo estratégico na tesouraria da empresa. Esta proposta representa um compromisso mais profundo com a integração da criptomoeda à estrutura financeira da empresa. Os acionistas que ocupavam suas posições antes de 14 de abril e discordam da nova direção têm a opção de solicitar o reembolso.
Após o anúncio de sua estratégia para o Bitcoin, as ações da Méliuz (CASH3) tiveram uma alta significativa. Em 6 de março de 2025, o preço das ações saltou mais de 14%, refletindo o otimismo dos investidores em relação à abordagem inovadora da empresa para a gestão de ativos. Nos cinco dias seguintes, as ações continuaram a subir, registrando um aumento total de mais de 27%.

A ação da empresa alinha-se com uma tendência crescente entre empresas de capital aberto que incorporam Bitcoin em seus balanços. De acordo com a Bitwise, o número de empresas de capital aberto que detêm Bitcoin aumentou, com 74 empresas detendo coletivamente mais de 590.000 BTC no início de 2025. Esse aumento representa um aumento de 124,8% nas participações corporativas em Bitcoin somente em 2024.
Empresas como a Strategy lideraram a adoção do Bitcoin como ativo de tesouraria. A estratégia agressiva de aquisição da Strategy a posicionou como a maior detentora corporativa de Bitcoin, com participações superiores a 447.000 BTC. Essa tendência ressalta a crescente aceitação do Bitcoin como reserva legítima de valor e proteção contra a volatilidade do mercado financeiro tradicional.
Embora a adoção do Bitcoin por empresas como a Méliuz sinalize uma mudança em direção à adoção de ativos digitais, também levanta questões sobre gestão de riscos e conformidade regulatória. Analistas alertam que a integração de ativos voláteis como o Bitcoin em tesourarias corporativas exige estruturas de governança robustas e uma compreensão clara dos riscos associados.
À medida que o cenário financeiro continua a evoluir, a estratégia da Méliuz pode servir como um estudo de caso para outras empresas que considerem movimentos semelhantes. A próxima votação dos acionistas será um indicador crítico da confiança dos investidores na direção da empresa e da aceitação mais ampla das criptomoedas nas finanças corporativas.