As mineradoras de Bitcoin (BTC) estão sendo incentivadas a repensar suas estratégias financeiras diante da crescente incerteza econômica e do aumento dos custos operacionais.
De acordo com John Glover, diretor de investimentos da empresa de empréstimos em criptomoedas Ledn, os mineradores devem evitar vender seus Bitcoins minerados e, em vez disso, usá-los como garantia para empréstimos denominados em moeda fiduciária para cobrir despesas.
“Essa estratégia não apenas preserva a exposição a um ativo com potencial de valorização, mas também oferece vantagens fiscais e fiscais significativas.”
Glover expôs uma tese simples: o BTC é um ativo escasso e em valorização, moedas fiduciárias não. Vender BTC para pagar contas hoje, ele sugere, é uma atitude míope que custa aos mineradores o potencial de valorização futura. Em vez disso, os mineradores devem tratar o Bitcoin como um ativo estratégico de longo prazo e usá-lo para alavancar empréstimos fiduciários que podem ser pagos com moeda em desvalorização.
“Se você está minerando, entende a tese do Bitcoin. Você não quer vender um ativo em valorização para cobrir despesas com um em desvalorização.”
Essa abordagem imita as estratégias usadas por empresas como a MicroStrategy, que emite dívida corporativa e ações para comprar e manter Bitcoin. Essas empresas apostam que os fundamentos do BTC superarão os da moeda fiduciária ao longo do tempo, permitindo-lhes lucrar com a divergência nas trajetórias de valor.

Glover apontou três principais vantagens de usar Bitcoin como garantia em vez de vendê-lo:
1. Apreciação do preço
Manter BTC permite que os mineradores se beneficiem de futuros aumentos de preço. Se a trajetória de longo prazo do Bitcoin for ascendente — como a maioria dos mineradores acredita — liquidar agora significa sacrificar o valor de longo prazo.
2. Adiamento de impostos
A venda de Bitcoin normalmente gera impostos sobre ganhos de capital. Ao tomar empréstimos com base nele, os mineradores podem adiar os impostos, mantendo a exposição ao ativo.
3. Oportunidades de receita
BTC mantidos em tesourarias podem ser emprestados em plataformas de custódia ou DeFi, gerando rendimento adicional e transformando ativos ociosos em fluxos de renda.
Este conselho financeiro chega em um momento crucial para o setor de mineração. De acordo com o Índice de Hashrate, o preço do hash — uma métrica-chave de lucratividade para mineradores — despencou à medida que a dificuldade de mineração e os custos de energia continuam a aumentar.
A situação foi agravada pelas novas políticas comerciais protecionistas do presidente dos EUA, Donald Trump, que incluem tarifas abrangentes sobre produtos importados. Essas tarifas ameaçam aumentar o custo de equipamentos críticos de mineração, como ASICs (circuitos integrados de aplicação específica), pressionando ainda mais as margens de lucro.
Em março de 2025, a pressão se tornou insuportável para muitos mineradores: mais de 40% de todo o BTC minerado foi vendido. Isso marcou uma mudança drástica em relação à tendência de acumulação pós-halving e foi a maior liquidação mensal desde outubro de 2024.
À medida que os custos de capital aumentam e as margens diminuem, Glover argumenta que os empréstimos com lastro em Bitcoin oferecem uma tábua de salvação estratégica. Em vez de esgotar as reservas de um ativo com expectativa de valorização, os mineradores podem navegar pela volatilidade de curto prazo, mantendo o potencial de valorização a longo prazo.
Este modelo também se alinha a uma mudança mais ampla nas estratégias de tesouraria corporativa — enxergando o BTC não apenas como um ativo volátil, mas como um instrumento de reserva. Como Glover afirma:
“Você não vende seu melhor ativo para pagar suas contas. Você o alavanca.”