A Nvidia está pronta para lançar um novo chip de IA de menor custo, desenvolvido especificamente para o mercado chinês, com o objetivo de lidar com as complexidades das restrições de exportação impostas pelos EUA. Essa medida ocorre em um momento em que a empresa busca manter sua presença na China, um mercado que anteriormente representava aproximadamente 13% de suas vendas, mas que viu sua participação cair devido à escalada das tensões geopolíticas.
Em resposta aos controles de exportação dos EUA, a Nvidia desenvolveu um novo chip de IA baseado em sua arquitetura Blackwell. Este chip foi projetado para atender às regulamentações americanas que limitam a largura de banda de memória dos chips de IA a 1,7 terabytes por segundo. Com preço entre US$6.500 e US$8.000, o novo chip é significativamente mais acessível do que o modelo H20, que era vendido anteriormente por US$10.000 a US$12.000. A produção está prevista para começar em junho, com uma possível segunda variante sendo lançada em setembro.
Apesar desses esforços, a Nvidia enfrenta desafios para manter sua posição de mercado na China. A empresa sofreu um declínio em sua participação de mercado de 95% para 50% desde 2022, principalmente devido às restrições de exportação impostas pelos EUA. Além disso, os reguladores chineses têm incentivado empresas locais a investir em soluções de chips de IA nacionais, intensificando ainda mais a concorrência.
A Huawei emergiu como uma concorrente formidável com seu chip Ascend 910B, que está ganhando força entre as empresas de tecnologia chinesas. O Ascend 910B foi projetado para tarefas de inferência de IA e se posiciona como uma alternativa viável aos produtos da Nvidia. No entanto, a Huawei enfrenta seus próprios desafios, incluindo restrições de produção devido a limitações em equipamentos avançados de fabricação de chips.
Além disso, a startup chinesa DeepSeek está fazendo avanços significativos no desenvolvimento de IA. Ao empregar técnicas inovadoras, como o modelo de “mistura de especialistas”, a DeepSeek reduziu os custos de treinamento e melhorou a eficiência, desafiando o domínio da Nvidia no setor de IA.
Diante desses desenvolvimentos, a Nvidia está se concentrando na otimização de seus produtos para atender aos requisitos de conformidade, mantendo a competitividade. O CEO, Jensen Huang, enfatizou o compromisso da empresa em atender ao mercado chinês e criticou os controles de exportação dos EUA, sugerindo que eles podem, inadvertidamente, reforçar as capacidades domésticas de IA da China.
Além disso, a Nvidia está explorando oportunidades em outras regiões para compensar potenciais perdas na China. A empresa garantiu novos negócios no Oriente Médio, incluindo Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita, e está expandindo sua presença em Taiwan. Essas iniciativas refletem a estratégia de diversificar sua base de mercado e reduzir a dependência de uma única região.
Apesar dos desafios impostos pelas restrições à exportação, a Nvidia reportou uma receita recorde de US$44,06 bilhões no primeiro trimestre, um aumento de 69% em relação ao ano anterior. O lucro ajustado por ação atingiu 81 centavos, superando as expectativas. No entanto, a empresa reconheceu uma despesa de US$4,5 bilhões relacionada às restrições à exportação. Olhando para o futuro, a Nvidia projeta uma receita de US$45 bilhões no segundo trimestre, ligeiramente abaixo das previsões de Wall Street, mas ainda indicativa de forte crescimento.
O lançamento pela Nvidia de um chip de IA mais acessível para o mercado chinês representa um esforço estratégico para navegar pelas complexidades das restrições à exportação dos EUA e manter sua vantagem competitiva. No entanto, a empresa precisa lidar com a crescente concorrência de empresas nacionais como Huawei e DeepSeek, além de mudanças no cenário regulatório. A capacidade da Nvidia de se adaptar a esses desafios, aproveitando seus pontos fortes tecnológicos, será crucial para sustentar sua posição no mercado global de chips de IA.