Um novo relatório da empresa de análise de blockchain Dune, revela que o ecossistema de criptomoedas da América Latina evoluiu rapidamente de um conjunto de plataformas pequenas e fragmentadas para uma infraestrutura financeira sofisticada. Em apenas 3 anos, os fluxos anuais totais por meio de corretoras centralizadas de criptomoedas na região dispararam, crescendo nove vezes, de US$3 bilhões em 2021 para impressionantes US$27 bilhões em 2024. Esse aumento impressionante de 800% sinaliza um profundo amadurecimento do mercado e um afastamento da pura especulação.
O relatório destaca uma distinção crucial: esse crescimento explosivo ocorreu em grande parte sem uma alta sustentada no mercado de criptomoedas em geral. Isso sugere que os principais impulsionadores da adoção na América Latina não são as negociações especulativas, mas sim uma crescente demanda por aplicações reais de ativos digitais.
Em uma região frequentemente assolada por instabilidade econômica, alta inflação e complexos sistemas de pagamento internacionais, as criptomoedas oferecem uma solução poderosa. Isso inclui o uso de criptomoedas para comércio internacional, liquidação de remessas internacionais e como proteção contra a desvalorização da moeda local. A preferência por stablecoins, em particular, atreladas a moedas mais estáveis, como o dólar americano, é um claro indicador dessa tendência.

Desde 2021, a corretora de criptomoedas Bitso consolidou sua posição como líder indiscutível no mercado latino-americano. Em 2021, a empresa processou mais de US$2 bilhões em fluxos, respondendo por mais de dois terços da atividade total de corretoras da região. Em 2024, seus fluxos haviam disparado para mais de US$25,2 bilhões, representando um crescimento impressionante de 1.160% e uma participação de mercado ainda maior, de 93%. Esse nível de domínio ressalta o sucesso na construção de uma plataforma confiável e acessível que atende às necessidades específicas da base de usuários latino-americana.
Embora a exchange detenha a maior fatia, outros players importantes, como Mercado Bitcoin e Lemon Cash, também apresentaram crescimento significativo, contribuindo para a expansão geral do mercado. Esse cenário competitivo é um testemunho da crescente demanda por serviços de criptomoedas em todo o continente, levando plataformas locais e internacionais a inovar e expandir suas ofertas.
O relatório também fornece insights sobre quais redes de blockchain estão sendo mais utilizadas para esses fluxos financeiros. As transferências baseadas em Ethereum dominaram o mercado, com um total de mais de US$45,5 bilhões em fluxos de janeiro de 2021 a julho de 2025. Esse número representa aproximadamente 75% de todos os fluxos registrados durante o período, destacando o papel da Ethereum como a rede de referência para uma ampla gama de aplicações e transações descentralizadas.
Depois da Ethereum, a Tron ocupa o segundo lugar, com mais de US$12,5 bilhões em transferências. O relatório atribui o sucesso da Tron às suas baixas taxas de transação, que a tornam a rede preferencial para a movimentação de Tether (USDT). Até então, a Tron detém a maior quantidade de USDT, com US$81,8 bilhões em tokens circulando em sua rede, ligeiramente à frente dos US$80,3 bilhões da Ethereum.
Essa dinâmica ilustra a importância das stablecoins na região, onde os usuários estão mais interessados em preservar valor e realizar transferências eficientes e de baixo custo do que na valorização especulativa dos ativos.
Outras redes notáveis também estão ganhando força. Solana e Polygon ocupam a terceira e quarta posições em fluxos totais, respectivamente, com US$1,45 bilhão e US$1,17 bilhão. O relatório observa que a participação da Polygon cresceu particularmente rápido em 2025, atingindo 7,2% dos volumes mensais em julho e superando a participação da Solana, que atingiu 7,1% no mesmo mês.
Esses números demonstram a crescente diversificação do ecossistema de criptomoedas da América Latina, à medida que usuários e plataformas exploram uma variedade de redes para atender às suas necessidades específicas de velocidade, custo e funcionalidade.