Uma questão fundamental preocupa os investidores de Bitcoin: o ciclo histórico de quatro anos do ativo, impulsionado pelos eventos de halving, foi quebrado pelo recente aumento na adoção institucional?
De acordo com uma análise da empresa de análise on-chain Glassnode, a resposta pode ser não. O relatório recente da empresa sugere que a ação atual do preço do Bitcoin e as métricas on-chain ainda são notavelmente consistentes com os ciclos anteriores, indicando que o mercado pode estar mais avançado em sua corrida de alta do que muitos acreditam.
A análise aponta para vários indicadores-chave que refletem os topos de mercado anteriores. Um dos mais convincentes é o comportamento dos detentores de longo prazo (LTHs), definidos como aqueles que detêm seu Bitcoin há pelo menos 155 dias. Historicamente, esses investidores experientes começam a realizar lucros durante as fases “eufóricas” posteriores de um mercado de alta, um padrão observado atualmente.
A recente realização de lucros por LTHs está em linha com o que foi observado no pico ou próximo a ele em ciclos anteriores. Isso sugere que o ambiente de mercado atual, apesar de parecer diferente devido à presença de grandes instituições, ainda está sujeito à mesma psicologia humana de compra e venda que governou ciclos anteriores.
Outra métrica crítica é a desaceleração de novos fluxos de capital. O relatório observa que a demanda por Bitcoin está “mostrando sinais de fadiga”, um sentimento reforçado pelas recentes saídas de fundos de ETFs de Bitcoin. Esse enfraquecimento da demanda, quando associado ao aumento da atividade especulativa e das apostas alavancadas em altcoins, pinta o quadro de um mercado que está entrando em uma fase mais volátil e potencialmente culminante. Esse padrão — enfraquecimento da demanda pelo ativo principal enquanto as apostas mais arriscadas aumentam na periferia — é um sinal clássico de distribuição de mercado, onde detentores de longo prazo estão vendendo para atender à nova demanda, geralmente de investidores de varejo.

Se o padrão se mantiver, a empresa prevê que o Bitcoin poderá atingir a máxima do ciclo já em outubro. Esta projeção se alinha com a análise de outras figuras proeminentes do mundo das criptomoedas, como o analista Rekt Capital, que também apontou um pico em outubro com base em um cronograma de 550 dias após o halving. A consistência desses sinais on-chain com ciclos anteriores sugere que, embora os participantes possam ter mudado, a dinâmica fundamental do mercado, impulsionada pela oferta, demanda e comportamento humano, permanece a mesma.
Apesar das descobertas, uma parcela significativa do mercado acredita que o ciclo de quatro anos é agora uma relíquia do passado. O argumento central é que a escala do envolvimento institucional é um divisor de águas. Figuras como Matt Hougan, diretor de investimentos da Bitwise, declararam publicamente:
“O ciclo de quatro anos está morto.”
A posição de Hougan é que a influência do halving, embora historicamente significativa, torna-se menos importante a cada ciclo, à medida que a nova oferta que ele restringe se torna uma porcentagem menor da oferta total em circulação.
Em vez disso, ele argumenta que as novas forças, mais poderosas, são os fluxos massivos de capital de longo prazo de instituições como empresas de capital aberto que detêm Bitcoin em seus balanços e a demanda contínua e constante de ETFs de Bitcoin. Estes não são participantes especulativos de curto prazo; são detentores de longo prazo sem intenção de vender. Isso muda a equação de oferta e demanda, criando um mercado mais estável e menos volátil.
O debate sobre se o ciclo do Bitcoin ainda está intacto ou foi fundamentalmente alterado pela adoção institucional destaca um ponto de virada crucial para o ativo. Por um lado, os dados on-chain apontam para um padrão previsível e repetitivo que tem guiado os investidores por anos. Por outro, o tamanho e a natureza dos novos participantes do mercado sugerem que as regras antigas podem não se aplicar mais.
Os próximos meses, e de fato os próximos dois anos, serão um período decisivo que revelará se o futuro do Bitcoin será ditado por sua escassez codificada ou pelas novas e poderosas forças das finanças tradicionais. Ambos os lados do argumento têm argumentos válidos, e a realidade provavelmente é uma mistura de padrões antigos e novas dinâmicas.