O domínio do dólar americano na economia digital

O domínio do dólar americano na economia digital

O processo legislativo em andamento em torno da Lei de Orientação e Estabelecimento de Inovação Nacional para Stablecoins (GENIUS) dos EUA pode ser crucial para consolidar a supremacia do dólar americano na emergente economia de ativos digitais.

Enquanto o Senado dos EUA se prepara para uma votação completa sobre esta importante legislação sobre stablecoins, especialistas sugerem que o projeto de lei pode estabelecer o dólar como a principal moeda digital no ecossistema Web3, moldando assim o futuro das finanças globais.

A Lei GENIUS é uma estrutura proposta para regular stablecoinstokens digitais normalmente atrelados a uma moeda fiduciária, como o dólar americano. As stablecoins se tornaram componentes fundamentais do cenário das criptomoedas, facilitando transações mais rápidas, baratas e transparentes do que o dinheiro fiduciário tradicional.

Em sua essência, a Lei GENIUS visa impor padrões regulatórios claros aos emissores de stablecoins, com foco principal em garantia e conformidade. Uma de suas disposições centrais é a exigência de que as stablecoins sejam totalmente lastreadas por reservas equivalentes em dólares americanos, garantindo que cada stablecoin em circulação possa ser resgatada por um dólar. Essa medida visa evitar cenários em que as stablecoins sejam inadequadamente colateralizadas, o que historicamente causa instabilidade e perda de confiança.

Além disso, o projeto de lei exige o cumprimento rigoroso das leis de ‘Prevenção à Lavagem de Dinheiro’ (AML), visando coibir atividades financeiras ilícitas facilitadas por stablecoins não regulamentadas. Também busca proibir os emissores de utilizar ativos de reserva para outros fins que não o resgate ou certos investimentos seguros e de baixo risco, como acordos de recompra de títulos do Tesouro. Essa restrição visa evitar riscos de “sistema bancário paralelo” e apropriação indébita de fundos, protegendo assim os usuários e o sistema financeiro em geral.

Ao consagrar a exigência de lastro de 1:1 em dólar, a Lei GENIUS reforçaria efetivamente o papel do dólar americano como a “moeda digital de liquidação do mundo”. Essa segurança jurídica poderia acelerar a adoção de stablecoins lastreadas em dólar americano como meio de troca padrão e reserva de valor em finanças descentralizadas (DeFi), aplicações Web3 e outros ecossistemas baseados em blockchain.

Zac Tsui, diretor de investimentos da Foresight Ventures, destacou que a legislação permitiria que as fintechs criassem soluções financeiras compatíveis, seguras e centradas no usuário baseadas no dólar, integrando-o ainda mais à infraestrutura financeira de próxima geração.

Tal medida não apenas manteria, mas potencialmente expandiria a influência do dólar em meio à crescente concorrência de criptomoedas alternativas e moedas digitais de bancos centrais estrangeiros (CBDCs). Dado que as stablecoins estão rapidamente se tornando um elemento fundamental das finanças digitais, garantir que o dólar continue sendo o ativo subjacente poderia consolidar a liderança monetária dos EUA nos próximos anos.

A Lei GENIUS já superou um obstáculo significativo ao vencer uma votação processual no Senado em maio, com 66 senadores a favor e 32 contra. No entanto, ainda há alguma incerteza, visto que o projeto ainda precisa ser votado em plenário, e sua incapacidade anterior de obter o apoio de importantes legisladores democratas em maio levantou preocupações entre os observadores.

Apesar desses desafios, muitos especialistas da indústria veem o projeto como um passo fundamental para o estabelecimento de uma estrutura regulatória unificada para stablecoins — não apenas nos EUA, mas globalmente.

Como Andrei Grachev, sócio-gerente da DWF Labs e da Falcon Finance, observou durante um evento da Chain Reaction X Spaces:

“Quando os EUA avançam na política de stablecoins, o mundo assiste. Os EUA têm enorme influência na regulamentação global de criptomoedas.”

Grachev enfatizou ainda a crescente aceitação das stablecoins, afirmando:

“Stablecoins não são mais um experimento com criptomoedas. Elas são uma forma melhor de dinheiro. Mais rápidas, mais simples e mais transparentes do que moedas fiduciárias.”

Essa perspectiva ilustra como as stablecoins digitais, quando devidamente regulamentadas, podem oferecer uma alternativa mais eficiente às moedas fiduciárias tradicionais, especialmente para pagamentos internacionais e comércio digital.

Se promulgada, a Lei GENIUS poderá representar um marco importante para os EUA na definição do futuro do dinheiro digital. Ao esclarecer as regulamentações para stablecoins e incorporar o dólar americano como ativo de reserva, a legislação poderá acelerar a adoção de moedas digitais, fomentar a inovação e manter a liderança americana na economia digital.

(Requisitos de reserva da Lei GENIUS.)

Além disso, a influência do projeto de lei pode se estender além das fronteiras dos EUA, levando outras nações a alinharem suas estruturas regulatórias de criptomoedas com os padrões americanos. Isso poderia abrir caminho para um ecossistema financeiro digital global mais harmonizado e seguro, beneficiando usuários, empresas e reguladores.


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