A ascenção do “poder algorítmico” vem acontecendo em grande parte, pelo conhecimento cada vez maior sobre blockchain. Atualmente, o blockchain representa um enorme desafio às formas tradicionais de soberania, autoridade legal e governança liderada pelo Estado.
Kevin Warbach, professor de estudos jurídicos e ética nos negócios da Wharton School, Universidade da Pensilvânia, argumentou em um novo post da Universidade de Oxford sobre essa problemática.
O livro “After the Digital Tornado: Networks, Algorithms, Humanity”, escrito pelo professor Warbach, trata sobre oc tema da tecnologia blockchain. O assunto é especialmente focado em como a tecnologia blockchain pode causar estragos não intencionais se suas características não forem entendidas e abordadas diretamente.
De acordo com Warbach, a imutabilidade dos registros de blockchain e o uso de contratos inteligentes – código de software auto-executável – têm um “lado sombrio” implícito.
Ainda que a blockchain tenha sido planejada para superar as fraquezas dos intermediários humanos ou institucionais, a alternativa que eles criam tem suas próprias tensões inerentes:
“Contratos de qualquer consequência são geralmente incompletos. Isto é, eles não especificam com precisão os resultados para todos os cenários possíveis. Contratos inteligentes ampliam essa incompletude. Eles só podem expressar seus termos em códigos de software de ponta afiada, eliminando a discrição interpretativa de juízes e júris humanos.”
Smartcontract pode ter resultado ruim no mundo real
Uma vez que haja quebra em contratos tradicionais, os compromissos prometidos por humanos são obrigados a se realizarem com a força legal do estado. Mas, contratos inteligentes utilizam da tomada de decisões automatizada e imposta por código, e assim, estabelece a confiança dentre as partes.
Warbach acredita que a tentativa de acabar com a governança humana falível pode ser uma ideia encantadora. Contudo, é necessário ter cuidado. Confiar cegamente no “veículo perfeitamente racional” do código do computador para regular o comportamento imperfeito do mundo real pode ter resultados ruins. Além disso, nenhuma clareza sobre quem tem o poder de resolvê-los. Warbach disse:
“O lado sombrio da imutabilidade é que transações válidas não podem ser facilmente revertidas em uma blockchain, não que transações inválidas ou ilegítimas não possam ser. A imutabilidade cria o potencial de falhas catastróficas sem meios claros de remediação. A tecnologia Blockchain de forma mais ampla deve ser tratada como um método de governança, posicionado na “ponta da faca da liberdade e restrições”.
Em conclusão, é recomendado por Warbach, uma abordagem que ele mesmo chama de “governança por design”. Isso significa reconhecer que “a imutabilidade perfeita cria sistemas com fragilidade inaceitável” que exigirão a integração sistemática de mecanismos de governança sistematicamente – não como uma reflexão tardia – à medida que a tecnologia evoluir.