O processo de falência da exchange de criptomoedas FTX, revelou muitos novos aspectos de suas práticas antiéticas. A mais recente revelação sobre sua participação em um dos menores bancos dos Estados Unidos da zona rural de Washington levantou novas preocupações sobre suas operações e o suposto uso indevido de brechas bancárias.
O Farmington State Bank, no estado de Washington, agora renomeado como Moonstone, é o 26º menor banco dos EUA — com uma única agência e três funcionários. A FTX investiu no banco rural por meio de sua agora falida empresa irmã, Alameda, com um investimento de $11,5 milhões em sua controladora FBH em março de 2022. O investimento da Alameda foi mais que o dobro do valor do banco de $5,7 milhões, informou o The New York Times.
A propriedade da FTX em Moonstone é vista como um movimento para contornar os requisitos de possuir uma licença bancária nos EUA, o que, segundo muitos, é uma tarefa bastante complexa.
Um representante do Tether criticou o The New York Times por “jornalismo desinformado” e por fazer acusações, afirmando:
“Foi isso que os levou a perder os verdadeiros hackers da indústria criptomoedas. A Tether tem uma abordagem rígida quando se trata de investir seu próprio patrimônio. A Tether decidiu não investir neste empreendimento em particular, uma vez que não quer ter participação em bancos americanos. A Tether também não tem participação acionária na Deltec.”
Um usuário do Reddit escreveu que é preciso muito trabalho para obter uma licença bancária:
“Comprar um pequeno banco costuma ser uma porta dos fundos para obter uma licença, o que seria uma parte natural de um plano de negócios para algo como FTX.”
Outro usuário apontou para o uso indevido de brechas bancárias e a falta de supervisão regulatória sobre criptomoedas. Outros especularam que as conexões políticas de Sam Bankman-Fried também poderiam ter desempenhado um papel no negócio, com um usuário dizendo:
“Com a quantidade de conexões políticas que SBF tinha, eu também não ficaria surpreso se ele obtivesse essa licença sem motivo.”
Além da participação da FTX em um banco norte-americano, o que mais chamou a atenção da comunidade de criptomoedas é a conexão entre a controladora do banco rural, FBH, e outra entidade criptográfica, a Tether, a maior emissora de uma stablecoin no mercado de criptomoedas atualmente.
O presidente da FBH é Jean Chalopin, que também é presidente do Deltec Bank, que tem Tether e Alameda em sua lista de clientes. Depois de comprar o banco em 2020, o FBH solicitou a aprovação do Federal Reserve quase 100 anos após a fundação do banco para facilitar transações relacionadas a criptomoedas. O banco obteve aprovação federal em junho de 2021 e, nove meses depois, a FTX investiu no banco rural, agora equipado com a aprovação do Federal Reserve.
A conexão bancária entre o Tether e o FTX/Alameda tornou-se uma preocupação para muitos na comunidade criptográfica, já que o próprio Tether está sob escrutínio há muito tempo para auditorias de reservas.
