Após se comprometer com a liberdade de expressão, Meta bloqueia concorrente

Após se comprometer com a liberdade de expressão, Meta bloqueia concorrente

Menos de uma semana após anunciar um compromisso renovado com a liberdade de expressão, a gigante da mídia social, Meta, se viu no centro de uma controvérsia ao começar a bloquear links para uma alternativa descentralizada ao Instagram. Essa mudança gerou ceticismo sobre a sinceridade do apoio da empresa à liberdade de expressão, levantando dúvidas sobre se essa postura é genuína ou apenas uma estratégia para apaziguar pressões políticas.

Em 7 de janeiro, a Meta publicou um comunicado à imprensa intitulado “Mais discurso, menos erros”, no qual Joel Kaplan, diretor de assuntos globais da empresa, anunciou a nova estratégia de moderação de conteúdo reduzida. O anúncio contou com um vídeo do CEO Mark Zuckerberg, no qual ele se comprometeu a retornar às raízes, promovendo a liberdade de expressão.

Além disso, a Meta revelou detalhes de seu plano de remover verificadores de fatos de terceiros e substituí-los por um novo sistema chamado “Notas da Comunidade”, inspirado em um piloto semelhante lançado pela plataforma X (conhecida como Twitter).

No entanto, apenas alguns dias depois, as ações da Meta pareciam contradizer suas garantias.

Um relatório da 404 Media revelou que o Facebook, uma plataforma sob a administração da Meta, começou a remover links do Pixelfed, um aplicativo descentralizado de compartilhamento de fotos frequentemente considerado um concorrente do Instagram. Esses links foram rapidamente marcados como “spam” e excluídos sem explicações, gerando especulações sobre a verdadeira posição da empresa em relação à liberdade de expressão.

O problema foi inicialmente destacado por ‘AJ Sadauskas’, um usuário do Bluesky, uma rede social criada pelo ex-CEO do Twitter, Jack Dorsey.

Sadauskas publicou capturas de tela mostrando que links do Pixelfed foram excluídos em segundos no Facebook, o que gerou uma investigação mais aprofundada sobre o caso.

Outro usuário do Bluesky, Johan Vandevelde, observou que as exclusões automáticas não se limitavam ao Pixelfed, mas também afetavam outros concorrentes do Facebook. Por exemplo, quando Vandevelde compartilhou um link para o Mastodon, outra plataforma descentralizada, seu comentário foi imediatamente sinalizado como “spam” e excluído.

Por maiores que sejam, não é crível que, para ser tudo para todas as pessoas, a empresa seja genuinamente dedicada à liberdade de expressão e não simplesmente a mudar movimentos para melhor navegar no ambiente político?

O aparente paradoxo despertou o interesse de entusiastas e céticos. Por um lado, a contradição da Meta foi celebrada por alguns atores políticos, por exemplo, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que sugeriu que essa ação estava parcialmente relacionada às suas denúncias anteriores da empresa. Trump, um crítico de longa data das empresas de mídia social, sugeriu que as modificações pareciam sinalizar que a Meta estava se preparando para formar relacionamentos mais amigáveis ​​com os conservadores.

Por outro lado, no entanto, os próprios céticos internos da Meta questionaram os motivadores dessas mudanças. Michael McConnell, copresidente do conselho de supervisão da empresa, criticou publicamente Zuckerberg, acusando-o de ceder à pressão política. Esses comentários destacam a tensão dentro da empresa enquanto ela navega em seu relacionamento com líderes políticos e seus usuários.

As ações da empresa também ressaltam os crescentes desafios que as plataformas de mídia social enfrentam ao equilibrar a promoção da liberdade de expressão com o desejo de proteger seu domínio de mercado.

A proibição de concorrentes pela Meta evidencia que, embora a empresa possa afirmar apoiar a liberdade de expressão, ela continua a adotar uma postura cautelosa em relação a qualquer ameaça à sua base de usuários e participação de mercado. Essa estratégia direcionada de moderação de conteúdo parece ser contraditória à retórica mais recente da Meta de menos censura e mais liberdade de expressão.

Mesmo que o Wall Street Journal tenha sugerido que as mudanças de política da Meta possam ser mais motivadas por um impulso político do que por um desejo genuíno de promover a liberdade de expressão, outros observam o comportamento da empresa como indicativo de problemas sistêmicos mais amplos no setor de tecnologia.

O surgimento de serviços descentralizados, como Pixelfed e Mastodon, desafia o controle central que gigantes como a Meta, entre outras, têm sobre o mercado. Muitos críticos afirmam que essas empresas estão mais preocupadas em proteger seus monopólios do que em realmente promover a liberdade de expressão irrestrita.


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