Embora um número crescente de investidores de risco em criptomoedas esteja se concentrando no Bitcoin DeFi, o cenário mais amplo de investimentos continua a ser moldado por três outras tendências importantes: a tokenização de ativos do mundo real (RWAs), o desenvolvimento de uma infraestrutura robusta para stablecoins e os avanços na tecnologia de liquidação. Essas áreas estão atraindo capital significativo, apontando para um setor em amadurecimento, cada vez mais focado em preencher a lacuna entre as finanças tradicionais e o blockchain.
A tokenização de RWAs está emergindo como uma enorme oportunidade de mercado, com pesquisas do setor projetando uma avaliação de até US$30 trilhões em uma década. Esse processo envolve a representação de ativos tangíveis, como imóveis, commodities e ações, como tokens digitais em uma blockchain, o que pode melhorar significativamente a liquidez, a transparência e a acessibilidade.

Um excelente exemplo dessa tendência é o recente investimento de US$ 20 milhões da Inveniam Capital na Mantra, uma blockchain de camada 1 projetada para trazer RWAs de nível institucional para a rede. A parceria visa aumentar a transparência por meio de relatórios e monitoramento de ativos, um passo crucial para atrair instituições financeiras tradicionais.
Outro player importante nesse segmento é a Spiko, uma fintech francesa que captou US$22 milhões em uma rodada de financiamento Série A. A Spiko é especializada em Fundos do Mercado Monetário de Letras do Tesouro dos EUA e da UE tokenizados, oferecendo aos investidores europeus uma nova maneira de ganhar juros sobre dinheiro que tradicionalmente fica ocioso. O objetivo da empresa é fechar a lacuna na adoção de ativos digitais entre a Europa e os EUA e, com seus ativos sob gestão já se aproximando de um bilhão de dólares, sua missão parece estar repercutindo no mercado.

O setor de stablecoins não se trata mais apenas de negociação; trata-se de construir os trilhos financeiros para o futuro. A capitalização total do mercado de stablecoins ultrapassa US$268 bilhões, e novas clarificações regulatórias, como a ‘Lei GENIUS’ dos EUA, estão impulsionando ainda mais o crescimento. Esta legislação fornece uma estrutura clara para emissores de stablecoins, o que está aumentando a confiança e atraindo investimentos institucionais.
Um excelente estudo de caso é a rede blockchain de camada 1 Stable, que levantou US$28 milhões em uma rodada de financiamento inicial. Apoiada por investidores proeminentes como Bitfinex e Franklin Templeton, a Stable é construída em torno do USDT da Tether e foi projetada para acelerar sua adoção global como uma plataforma de pagamento rápida e simples.
Este investimento destaca a crença de que blockchains dedicadas para stablecoins podem agilizar transações e criar uma infraestrutura financeira mais eficiente.
O setor B2B também está testemunhando inovação, com plataformas como a Dakota levantando US$12,5 milhões em uma rodada Série A. Fundada por um ex-executivo da Coinbase, a Dakota é uma plataforma bancária empresarial que usa stablecoins para impulsionar pagamentos internacionais mais rápidos e eficientes. Ela já integrou mais de 500 empresas, demonstrando forte demanda por uma solução bancária moderna que aproveite a velocidade e o baixo custo da tecnologia de stablecoins.
Para apoiar o crescimento da tokenização e das stablecoins, os investimentos também estão fluindo para a tecnologia que as sustenta. A BridgePort, por exemplo, levantou US$3,2 milhões em financiamento inicial para sua camada de liquidação fora da bolsa. A plataforma atua como um middleware, conectando bolsas, corretoras e custodiantes para melhorar a alocação de capital e a eficiência da liquidação, um componente crucial para um mercado institucional seguro e funcional.

Finalmente, as empresas estão trabalhando para tornar essas novas oportunidades acessíveis a um público mais amplo. A Jarsy, uma plataforma de investimento digital, captou US$5 milhões em uma rodada de financiamento inicial para democratizar o acesso aos mercados de private equity pré-IPO.