A notícia do compartilhamento dos dados de mais de 80 milhões de usuários do Facebook chocou muita gente e levantou a dúvida, será que se o facebook usasse a blockchain esse compartilhamento teria sido evitado?
Qualquer desenvolvedor que já criou aplicativos integrados ao Facebook, sabe que a rede social possui algumas medidas para evitar que violações de dados como essa aconteçam. Por exemplo, para os aplicativos usarem os dados dos usuários é preciso que os mesmos permitam. Normalmente uma solicitação é feita, imediatamente depois da ativação do app. O problema é que o Facebook não tem controle sobre o que pode acontecer com esses dados após isso.
A rede social era ciente dessa vulnerabilidades que permitia o acesso aos dados por empresas como a Cambridge Analytica, tanto é que, supostamente, o próprio facebook teria solicitado que os dados fossem apagados, contudo a Cambridge Analytica negou a solicitação.
Uma Mídia Social Descentralizada
Você já deve ter visto alguém dizer que iria excluir sua conta do Facebook, no entanto, a pessoa acabava voltando para a plataforma depois de alguns dias, semanas ou meses. Parte da razão para isso é que não há outra plataforma tão grande quanto o Facebook para as pessoas irem. As pessoas querem ficar em contato com seus amigos e familiares, mas não há outra plataforma que ofereça essa capacidade da maneira que o Facebook faz. Então as pessoas acabam presas.
A melhor solução para esse problema seria replicar alguns dos recursos do Facebook, na blockchain, criando assim uma plataforma de redes sociais descentralizada.
A nova plataforma descentralizada poderia ter muitas das mesmas características – um feed de notícias, interação de grupo, gráficos – mas com um processo de votação muito melhorado para classificar “notícias falsas” e proteger dados pessoais.
Por causa dos recursos que vêm com blockchain, os usuários teriam muito mais liberdade para dizer quais dados permanecem privados e quais dados são compartilhados publicamente. Todos os dados estariam na blockchain, mas os dados privados do usuário seriam criptografados e só poderiam ser desbloqueados por esse usuário. Quando o usuário decide compartilhar mais dados, eles forneceriam aos amigos ou aplicativos de terceiros a capacidade de desbloquear esses dados, estando, portanto, no controle total de quem tem acesso a quê.
A combinação de critérios mais rígidos para identificação de notícias e compartilhamento de dados significa que os feeds de notícias dos usuários seriam mais confiáveis.
Nós podemos construí-la
Se essa plataforma hipotética de rede social baseada na blockchain existisse, as pessoas poderiam se mover em direção a redes sociais descentralizadas. O que as afastariam do monopólios das grandes corporações centralizadas. Mas para isso, a rede deve ser criada antes.
Alguns aspectos dessa ideia já existem em pedaços. Por exemplo, votação, reputação e compartilhamento de conteúdo.
Uma das principais razões que causam uma desaceleração no processo de desenvolvimento é que o Facebook e as plataformas semelhantes exigem milhões de transações de dados por segundo e, apesar de já existir algumas blockchains muito mais poderosas do que a do Bitcoin, ainda não existe uma que consiga processar tantos dados por segundo.
Mesmo as blockchains com mecanismos de consenso mais eficientes, como as que funcionam com base na prova de participação, não alcançam esse enorme volume hoje. Em alguns anos, no entanto, poderia ser possível, especialmente com mais adoção de grandes empresas, como Google e Amazon.
Enquanto isso, é possível que exista aplicativos de redes sociais descentralizadas que sejam mais modestos e que possam crescer com o tempo, junto com a própria tecnologia.
Empresas maiores estão entrando no jogo da Blockchain
Com o Google e a IBM anunciando que estão começando a trabalhar em seus próprios blockchains, essa futura mídia social descentralizada pode não estar muito longe. É importante ter em mente que esse aumento na blockchain não significa a morte de empresas centralizadas – é apenas um movimento melhor para certos aspectos da organização.
Isso porque a descentralização pode ajudar a aumentar a confiança do usuário – e sem a confiança de seus usuários, a empresa enfrentará continuamente problemas.
Não importa que tipo de medidas de segurança uma empresa faça – basta olhar para o Facebook. Ao permanecer completamente centralizado, eles continuam a correr o risco de violações e vazamentos. A descentralização, através dos meios como a blockchain, é o futuro da segurança e privacidade de dados.