O fundador e CEO do Telegram, Pavel Durov, emitiu um alerta alarmante: se a França continuar no caminho atual de crescente censura e controle político, corre o risco de chegar a um ponto de colapso social. Em uma entrevista, Durov criticou duramente o presidente Emmanuel Macron, alertando que a abordagem atual pode ter ramificações de longo prazo.
“Se adiarmos as reformas necessárias por muito tempo, acabaremos vivenciando um colapso. Incutir uma mentalidade restritiva entre gerações pode desencadear uma reação em cadeia décadas depois.”
Durov criticou duramente a liderança francesa por corroer a vitalidade da nação. Ele descreveu a situação como “cada vez mais fraca”, lamentando que a crescente pressão regulatória esteja levando indivíduos talentosos para o exterior, particularmente para polos de inovação mais permissivos como Dubai.
“Essa hemorragia de talentos, pode precipitar uma crise tanto de legitimidade política quanto de dinamismo cultural.”
Segundo Durov, a pressão vai além da censura generalizada. Ele alegou que o chefe da inteligência francesa, Nicolas Lerner, lhe pediu pessoalmente, para censurar conteúdo pró-conservador relacionado à eleição presidencial de maio de 2025 na Romênia.
“Isso demonstra como as agendas políticas estão cada vez mais se infiltrando em plataformas destinadas à comunicação neutra.”
Durov também criticou a ‘Lei de Serviços Digitais’ (DSA) da Europa, descrevendo-a como “um cavalo de Troia“. Embora oficialmente direcionada à desinformação e à segurança online, tais leis servem como ferramentas para os governos silenciarem a dissidência. Ele alertou:
“Os teóricos da conspiração de hoje podem se tornar os alvos de amanhã. Estruturas legais podem ser facilmente readaptadas.”
Seus alertas seguem um novo escrutínio após sua prisão em Paris em agosto de 2024, ligada ao suposto papel do Telegram na facilitação de atividades ilegais, como distribuição de drogas e conteúdo de abuso infantil.
Figuras internacionais, incluindo Elon Musk e Edward Snowden, criticaram a medida como uma ameaça à liberdade digital. Enquanto isso, autoridades francesas e unidades de combate ao cibercrime afirmam que as acusações estão relacionadas à moderação insuficiente de conteúdo ilegal pelo Telegram, tanto sob as leis francesas quanto sob regras como o DSA.
A medida da França contra o Telegram marca uma virada para a aplicação da lei europeia: é uma das primeiras ações tomadas fora da estrutura institucional do DSA para atingir diretamente a liderança da plataforma, e não apenas o conteúdo. A Comissão Europeia chegou a esclarecer que a prisão se enquadra na legislação interna francesa, e não em mandatos da UE.
Mas, embora os defensores da liberdade de expressão alertem que isso pode abrir um precedente perigoso, autoridades públicas enfatizam a necessidade de mecanismos de responsabilização para plataformas digitais.
De acordo com Durov, as restrições regulatórias agravadas pela interferência política, estão relegando a França como um destino menos atraente para desenvolvedores, empreendedores e criadores digitais. Ele disse que leis restritivas correm o risco de estagnar a inovação e forçar a fuga de grandes talentos, o que por sua vez, enfraquece a liderança econômica e cultural do país.
A crítica combina acontecimentos reais, os problemas legais de um fundador na França e rumores de repressão política, com preocupações mais amplas sobre direitos digitais e resiliência nacional.
“A censura, se não for controlada, pode corroer as instituições democráticas, distorcer o discurso público e desencadear um êxodo cultural.”
Em sua opinião, essas pressões, em conjunto, empurram a França para um ponto de ruptura.
