A FTX era comandada por três pessoas inexperientes – supostamente recém formadas na faculdade – que contavam com uma miscelânea de documentos e comunicações online compartilhados em uma série de aplicativos diferentes para gerenciar o império multibilionário, de acordo com o CEO da FTX, John Ray III.
Em uma ação judicial em um Tribunal de Falências de Delaware, John J Ray III fez seu primeiro relato detalhado das falhas de controle na FTX.
Ray afirmou que sua equipe de reestruturação havia identificado extensas deficiências nos controles do Grupo FTX desde a falta de controles financeiros e contábeis apropriados até uma estrutura de gerenciamento de grupo e processo de manutenção de registros inadequados.
A FTX aparentemente contava com uma miscelânea de documentos do Google, comunicações do Slack, unidades compartilhadas e planilhas do Excel para gerenciar seus ativos e passivos, de acordo com o documento.
A FTX usou o software de contabilidade QuickBooks, que Ray disse ter sido projetado para pequenas e médias empresas e não para uma empresa que opera em vários continentes e plataformas, como a FTX.
Foi relatado que a contabilidade da FTX foi negligenciada, pois cerca de 80.000 transações foram deixadas como entradas contábeis não processadas em contas abrangentes do QuickBooks intituladas ‘Pergunte ao meu contador’.
Ray enfatizou que os cofundadores Sam Bankman-Fried e Gary Wang, junto com o ex-diretor de engenharia Nishad Sing, tiveram a voz final em todas as decisões importantes, apesar da experiência muito limitada.
“Esses três indivíduos, recém-saídos da faculdade e sem experiência em gerenciamento de riscos ou administração de negócios, controlavam quase todos os aspectos significativos do Grupo FTX.”
O controle significativo de Wang e Singh sobre a FTX foi observado por um executivo não identificado, que afirmou:
“Se Nishad Singh fosse atropelado por um ônibus, toda a empresa estaria morta. Mesmo problema com Gary Wang.”
Observou-se que a empresa não poderia fornecer uma lista completa de seus funcionários no momento do pedido de falência em novembro.
A exchange falhou em arquivar suas finanças no prazo no final dos períodos de relatórios financeiros e não realizou verificações de back-end para identificar e corrigir erros materiais.
Brett Harrison, presidente da FTX.US, levantou preocupações com Bankman-Fried e Singh em relação à “falta de delegação apropriada de autoridade, estrutura formal de gerenciamento e contratações importantes na FTX.US”.
Em resposta, o bônus de Harrison foi significativamente reduzido e ele foi instruído a se desculpar com Bankman-Fried pelo conselho interno da empresa, o que ele se recusou a fazer. Foi relatado que Harrison renunciou após o desacordo.
Not sure how this is “new,” as I’ve written and spoken publicly about the circumstances of my resignation from FTX US a number of times since January. https://t.co/b3apaHoOzT
— Brett Harrison (@BrettHarrison88) April 9, 2023
Ray declarou em um processo judicial que, quando assumiu o controle da FTX em novembro, não havia “uma única lista de nada” relacionado a contas bancárias, renda, seguro ou pessoal, causando uma enorme disputa por informações.
Ele recuou contra a moção para designar um examinador independente para o caso de falência por temer que erros inadvertidos pudessem resultar na destruição de centenas de milhões de dólares.
