A Argentina deu as boas-vindas a um novo presidente em dezembro, prometendo reformas econômicas profundas no país, incluindo a dissolução do banco central, juntamente com uma série de outras medidas destinadas a reduzir o tamanho e os gastos do governo.
O presidente Javier Gerardo Milei também é conhecido como “El Loco” (o maluco), apelido que ganhou na escola devido à sua personalidade explosiva. Durante a sua campanha, Milei empurrou para o palco a sua personalidade “louca”, propondo medidas perturbadoras a uma população fortemente sobrecarregada com uma taxa de inflação anual de 161%.
As suas propostas econômicas baseiam-se nas suas décadas de experiência como economista, desde aconselhar políticos até trabalhar em fundos de pensões privados e bancos, e como professor de macroeconomia e microeconomia, tendo publicado vários artigos sobre crescimento econômico.
Milei decidiu tornar-se economista aos 12 anos quando a taxa de câmbio do peso entrou em colapso, desencadeando a primeira crise da dívida do país na década de 1980. De acordo com relatos da mídia local, Milei observou pessoas brigando por mantimentos devido à situação. Em seguida, ele se aprofundou na lei da oferta e da procura, que diz que a demanda por um produto diminui quando o preço sobe e aumenta quando o preço cai — um conceito-chave para compreender a inflação.
O novo presidente descreve-se como um “minarquista”, uma forma de libertarianismo que defende um Estado mínimo e mercados livres. Mas Milei esteve do outro lado do espectro econômico durante o início de sua carreira. Numa entrevista recente ao The Economist, Milei disse que recebeu formação keynesiana na faculdade – uma referência às teorias econômicas de John Maynard Keynes sobre a importância do governo na criação de empregos e no crescimento económico.
Alguns anos mais tarde, após concluir os seus dois mestrados, Milei viu-se mais alinhado com os ideais neoclássicos e um devoto da “teoria do ciclo econômico real”, uma mudança significativa em relação às visões keynesianas tradicionais sobre o ciclo econômico. Hoje, ele vê o governo como uma “organização criminosa” e culpa o banco central argentino pela desvalorização do peso nos últimos anos.
“O Estado é uma organização criminosa que vive de uma fonte coercitiva de renda chamada impostos.”
Qual a opinião de Javier Milei sobre criptomoedas?
Embora Milei não seja formalmente reconhecido como um defensor pró-cripto, suas ideologias se alinham estreitamente com vários princípios criptográficos tradicionalmente fundamentais. Milei acredita que com o passar do tempo, a tecnologia nos permitirá avançar em direção a uma sociedade livre na qual os contratos entre indivíduos regem tudo. Em entrevista ao The Economist, Milei disse:
“Os contratos entre particulares são a base do mercado. O mercado é um processo de cooperação social onde os indivíduos trocam voluntariamente direitos de propriedade.”
Suas propostas para resolver a prolongada crise econômica da Argentina não incluem explicitamente o uso de Bitcoin (BTC) ou outras criptomoedas. No entanto, ele já sugeriu o Bitcoin como uma alternativa às autoridades monetárias.
“Temos que entender que o Banco Central é uma farsa. O que o Bitcoin representa é o retorno do dinheiro à sua criação original, o setor privado.”
Milei prometeu dolarizar a economia argentina, fazendo com que o sistema monetário do país ainda estivesse sob os olhos de um banco central – mas, neste caso, sob os olhos do Federal Reserve dos Estados Unidos.
Hernán González, assessor de imprensa da organização não governamental Bitcoin Argentina, disse:
“O que vejo que se tornou popular é que Javier Milei é reconhecido como candidato Bitcoiner quando, na verdade, não é. Na verdade, ele mencionou em algumas ocasiões não ser especialista em criptomoedas e mencionou que elas não serão o foco de seu governo.”
Fernando Nikolić, um defensor argentino do Bitcoin e fundador da Bitcoin Perception, compartilha uma visão semelhante. De acordo com Nikolić, embora Milei tenha elogiado o Bitcoin em entrevistas, seu programa oficial carece de qualquer proposta específica favorável ao Bitcoin.
